Homens armados cercaram o carro da prefeita de São José do Campestre, na região Agreste potiguar, e mataram o filho dela a tiros. Alan John Romão Soares, de 36 anos, era secretário municipal de Finanças e Tributação. Alda Romão (PSD) estava no carro, mas não foi ferida. Ninguém foi preso e ainda não se sabe a motivação do crime. O município completa 69 anos de emancipação política justamente neste sábado (23).
O RN sofre com a falta de policiamento ostensivo nas ruas. Aquartelados
desde a terça (19), praças e oficiais protestam contra a falta de
salários. Somente na Grande Natal, mais de 250 crimes foram registrados nestes últimos dias.
Policiais que atenderam a ocorrência após o crime disseram que a
prefeita e o filho estavam em visitação a um bairro para a entrega de um
calçamento. Foi quando os assassinos, encapuzados, se aproximaram e
cercaram o carro.
Festa cancelada
A inauguração da rua fazia parte das celebrações de emancipação
política de São José do Campestre. Neste sábado, faz 69 anos que o
município se desmembrou de Nova Cruz. Após o homicídio, os festejos
foram cancelados.
Insegurança
Em Taipu, cidade distante 60 quilômetros de Natal, o desembargador
aposentado Osvaldo Soares da Cruz, ex-presidente do Tribunal de Justiça
do estado, foi vítima de um assalto seguido de sequestro relâmpago na madrugada deste sábado (23).
Já em Mossoró, segunda maior cidade do estado, quatro pessoas foram assassinadas e uma criança de 1 ano e 11 meses baleada
e socorrida ao hospital. Os crimes aconteceram entre a noite da sexta
(22) e madrugada deste sábado (23). Na cidade, apenas 30% do efetivo
está nas ruas.
RN sem PM
O RN vem sofrendo com a falta de policiamento militar nas ruas desde a
terça (19). Além de exigir o pagamento em dia dos salários, os PMs
também dizem que só deixam os batalhões com viaturas, materiais de
proteção e armas em condições adequadas de uso. Por isso, alegam que não
estão em greve, mas realizando uma operação chamada 'Segurança com
Segurança'.
Agentes, escrivães e delegados da Polícia Civil se uniram ao protesto e
estão trabalhando em escala de plantão. Isso significa que desde o
início do movimento apenas as delegacias de plantão e as regionais estão
funcionando. Agentes penitenciários estão em greve, o que impede a
realização de visitas e banhos de sol nos presídios do estado.
Desde o início da paralisação, o comércio de rua na capital vem
registrando vários casos de arrastões, arrombamentos e saques. Além
disso, houve um pico de roubos de veículos entre quarta-feira e
quinta-feira: 36 casos foram registrados, contra uma média de 20.
Neste ano, o estado registrou mais de 2,4 mil homicídios – o maior número da história.
Paralisação contestada
O governo do estado tentou, na Justiça, obrigar os policiais a voltarem
ao trabalho nas ruas, alegando que a paralisação é uma greve
disfarçada. Mas, até o momento, não teve sucesso. Na quinta (21), o
desembargador Dilermano Motta, do TJ, negou pedido feito pela Procuradoria-Geral do Estado para suspender a paralisação feita pelas polícias Civil e Militar.
Nesta sexta (22), o governo fez um novo pedido para que o TJ
considerasse ilegal a paralisação dos policias, fato que foi novamente
negado.
Ajuda financeira
Para pôr em folha em dia, o governo estadual tenta uma ajuda financeira
de R$ 600 milhões junto ao governo federal. O Ministério Público de
Contas da União, no entanto, recomenda que o dinheiro não seja liberado, pois este tipo de socorro seria inconstitucional.
Salários e 13º
Na quinta (21), o governo pagou os salários de novembro dos servidores
que ganham até R$ 2 mil, e na sexta (22) depositou o dinheiro de quem
recebe até R$ 3 mil. Já quem ganha acima disso, deve receber somente na
próxima semana, dia 29 de dezembro, que é quando o governo promete
concluir a folha de novembro.
O 13º salário, ainda de acordo com o governador Robinson Faria, só deve
ser pago no dia 10 de janeiro. Já a folha de dezembro, só deve ser
concluída no dia 30 de janeiro de 2018.
(Por Anderson Barbosa, G1 RN)
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