Ministro Teori Zavascki. Foto: STF/Divulgação
Mau tempo, pressão para operar em condições adversas, baixa visibilidade e desorientação espacial do piloto foram os fatores determinantes do acidente que causou a morte do ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, em 19 de janeiro do ano passado. As informações constam do resultado das investigações divulgadas hoje (22) pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
De acordo com as investigações, não
foi registrado nenhum tipo de pane ou mau funcionamento do avião. O
Cenipa apontou que no momento do acidente, as condições para operações
de pouso e decolagem no aeroporto de Paraty estavam abaixo dos mínimos
meteorológicos estabelecidos.
Segundo o
responsável pela investigação, coronel Marcelo Moreno, apesar de
experiente, o piloto do avião, Osmar Rodrigues, "muito provavelmente
teve uma desorientação espacial que acarretou a perda de controle da
aeronave".
Marcelo Moreno citou o processo
decisório do piloto como contribuinte para os eventos que culminaram no
acidente. O aeroporto de Paraty não opera por instrumentos. Para as
operações de pouso e decolagem é preciso haver visibilidade horizontal
de 5 mil metros e de teto de voo de 450 metros.
“Entre
as decisões tomadas e que não estão em conformidade com o que determina
as regras, estavam a tentativa de pousar. O adequado seria o piloto, ao
tomar conhecimento de que os mínimos meteorológicos estarem abaixo dos
estabelecidos, ter arremetido e pousado em outro aeroporto em
segurança”, disse Moreno.
Rodrigues, que
pilotava o avião, era um piloto considerado experiente e respeitado por
outros pilotos que operavam no aeroporto de Paraty. Ele era piloto há 30
anos, tinha quase 7,5 mil horas de voo, das quais quase 3 mil no modelo
que caiu na Baía de Paraty.
Nos 12 meses
anteriores ao acidente, Rodrigues realizou 33 voos para Paraty. De
acordo com o Cenipa, todas as habilitações estavam válidas e não se
evidenciaram informações do ponto de vista médico que pudessem indicar
comprometimento do desempenho do piloto.
No dia
do acidente, Rodrigues decolou do Campo de Marte, em São Paulo, as
13h01. “Às 13h36 a aeronave encontrava-se em descida e realizava
trajetória condizente com desvios de uma área de chuva localizada na
Baía de Paraty”, disse Marcelo Moreno.
No
momento do acidente a visibilidade horizontal estava em 1,5 mil metros,
bem abaixo do mínimo exigido. “As condições meteorológicas tornavam
impraticável o pouso e decolagem no aeroporto de Paraty naquele
momento”, disse.
Segundo o Cenipa, "a
desorientação é definida como ocorrência em que o piloto entra em
processo de confusão na interpretação dos parâmetros de voo, entrando ou
não em atitude anormal. A desorientação pode ser causada por fatores
como terreno homogêneo, com carência de referências visuais, e excesso
de atuação da força gravitacional (força G) sobre o piloto."
“Estas
ilusões desorientaram o piloto fazendo com que ele pensasse que estava
mais alto do que na verdade estava. Com isso, ao tentar arremeter, houve
perda de controle e a aeronave impactou contra a água, com grande
ângulo de inclinação das asas”, acrescentou o coronel Marcelo Moreno.
(Por: Agência Brasil)
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