Um militar das Forças Armadas brasileiras foi encontrado morto dentro
do alojamento montado pela Operação Potiguar III em um ginásio de
Mossoró, na região Oeste potiguar. O caso aconteceu na madrugada desta
segunda-feira (1º) e foi confirmado pela comunicação do Exército. Cerca de 2,8 mil homens foram enviados ao Rio Grande do Norte neste final de semana para reforçar a segurança do estado, que enfrenta uma paralisação de policiais e bombeiros desde o dia 19.
Em entrevista coletiva no final da manhã desta segunda (1º), em Natal, o
ministro da Defesa, Raul Jungmann afirmou que o caso ainda está sendo
investigado. "Ainda não temos informações concretas. Mas o que já
podemos informar é que não houve um crime", pontuou.
O militar foi identificado como o 1° tenente Júlio César Ribeiro
Feitosa Soares, do 23° Batalhão de Caçadores, sediado em Fortaleza. A
motivação da morte ainda não foi informada pela corporação. Uma equipe
da Delegacia de Plantão de Mossoró foi até o ginásio Pedro Ciarlini, no
bairro Bom Jardim, por volta das 7h desta segunda, mas foi impedida de
entrar no local.
O delegado de plantão foi informado pelos militares que eles aguardavam
a perícia da Polícia Federal e de um perito militar, que viria de
Recife.
A assessoria da Operação Potiguar III confirmou a morte de um militar e
que o fato ainda está sendo apurado. De acordo com a corporação, quando
houver mais informações, elas serão divulgadas em nota. O Exército
também afirmou que está dando apoio aos familiares do militar.
Paralisações
Os militares começaram a atuar no Rio Grande do Norte na última sexta-feira (29),
após o governo federal atender a um pedido do Estado. O objetivo da
operação é garantir a lei e a ordem durante uma paralisação das polícias
Militar, Civil e do Corpo de Bombeiros, que começou no dia 19 de
dezembro. Sem policiamento nas ruas houve aumento da violência na região
metropolitana de Natal, Mossoró e outros municípios do interior.
Pelo menos 720 militares já estavam na capital no primeiro dia de
operações. Até o final do sábado, 2,8 mil estavam no estado
(inicialmente o Ministério da Defesa havia anunciado 2 mil homens). Eles
foram divididos entre a Grande Natal e Mossoró.
Policiais e bombeiros cobram pagamento de salários e anunciaram uma
operação padrão denominada "Segurança com Segurança". Com isso, alegam
que só deixarão os batalhões com viaturas e equipamentos em condição de
uso.
Neste domingo (31), o
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte determinou que os
comandantes prendam e abram procedimento de expulsão dos militares que
estejam incitando ou defendendo o movimento. Em outra decisão, do sábado (30), a Justiça autorizou o estado a remanejar R$ 225,7 milhões recebidos do Fundo Nacional da Saúde, entre outros recursos, para pagar salários de novembro, dezembro e o décimo terceiro aos servidores estaduais.
Salários
O governo não conseguiu cumprir um calendário que havia divulgado no dia 21 de dezembro
de pagamento dos salários. O próprio governador Robinson Faria anunciou
que o RN receberia R$ 600 milhões do governo federal, mas o Ministério da Fazenda negou o repasse após recomendação do Ministério Público de Contas.
Nesta sexta-feira, a administração estadual pagou apenas o salário de
novembro dos servidores que recebem até R$ 4 mil. Mais de 80% da polícia
foi contemplada, porém a paralisação continou. O pagamento do restante
dos servidores será feito na primeira semana de janeiro, segundo
informou o governo em nota, sem especificar o dia.
Na terça (26), a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi,
afirmou que está em estudo no Ministério da Fazenda e no Banco Mundial
um plano para ajudar o Rio Grande do Norte. Segundo ela, a ajuda não
envolverá recursos da União, mas um empréstimo do Banco Mundial ao
estado.
Apesar disso, o
governo do RN pediu ao ministro da Fazenda Henrique Meirelles que
reconsidere a decisão de não enviar ajuda financeira no valor de R$ 600
milhões ao estado e ainda entrou com um recurso de embargo de declaração no Tribunal de Contas da União.
O objetivo, segundo a administração, é esclarecer a decisão do TCU que
tinha sido favorável à transferência de auxílio do governo federal aos
estados em crise fiscal, entre eles o RN.
(Por Igor Jácome, G1 RN)
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