TERRORISMO
Oficial de segurança avalia os detritos após um ataque suicida com carro
bomba em frente a uma hotel de Mogadishu, na Somália -
24/02/2018 (Feisal Omar/Reuters)
Vários ataques realizados nesta sexta-feira na Somália pela organização jihadista Al Shabab deixaram pelo menos 11 mortos, a maioria deles soldados, informaram forças de segurança e de inteligência.
O primeiro dos atentados aconteceu na cidade de Balcad, cerca de 30 quilômetros ao norte da capital, Mogadíscio,
quando terroristas tomaram o controle da área e da emissora de rádio
local, libertaram todos os presos e destruíram os escritórios policiais e
do governo, explicou o chefe da polícia da cidade vizinha de Jowhar,
Hassan Dhicisow Hassan.
O governo enviou tropas de reforço para expulsar os
terroristas da cidade. No entanto, os membros do Al Shabab prepararam
uma emboscada contra as tropas burundinesas que se transferiam de Jowhar
a Balcad, matando três soldados e causando um número ainda
indeterminado de feridos.
Em Afgooye, cidade 30 quilômetros ao leste de Mogadíscio, um
terrorista suicida se ateou fogo na entrada principal da base militar
local, matando dois soldados e ferindo outros quatro.
Pouco depois, a ambulância que levava os feridos ao hospital
de Mogadíscio passou sobre uma mina terrestre que explodiu e matou as
seis pessoas no veículo, confirmou o subdiretor dos serviços de
inteligência em Afgooye, Mujaladiin Abdi.
A insurgência jihadista parece ter recuperado força nos últimos meses, especialmente após o atentado de 14 de outubro de 2017 em Mogadíscio, que deixou 512 mortos.
Segundo analistas locais, os problemas internos do governo e seu
distanciamento da cúpula do Exército permitiram ao Al Shabab recuperar
sua capacidade de perpetrar ataques de grandes proporções.
No último dia 23 de fevereiro, um duplo atentado com bombas no palácio presidencial e na sede dos serviços de inteligência deixou pelo menos 45 mortos e 33 feridos.
A organização terrorista, que em 2012 se filiou à rede internacional da Al Qaeda,
controla parte do território no centro e no sul do país e almeja
ampliar o cerco contra a influência do “inimigo externo” no norte da
África e impor na Somália um sistema de governo doutrinado pela sharia, o
rígido cânone islâmico.
A criação do Al Shabab se mistura com a história recente da
Somália. Após a queda da ditadura militar de Siad Barre, em 1991, o país
se dividiu em diversos territórios comandados por cortes islâmicas. A
guerra civil se instaurou na região até uma aliança entre as cortes,
batizada de União das Cortes Islâmicas (UIC), ser fundada para controlar
a capital Mogadíscio, em 2006.
A devoção à sharia, contudo, acendeu o alerta dos Estados
Unidos, que, preocupados com a possibilidade de a região se transformar
em um terreno fértil para a Al Qaeda, apoiaram uma intervenção militar
das tropas da Etiópia em favor de um governo de transição. Antes um
braço armado da UIC, o Al Shabab recrutou cerca de 2.000 homens neste
período e passou a agir de forma independente.
(Com EFE)
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