BRASIL, POLÍTICA
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, durante o Congresso
Nacional do partido, em Brasília (Humberto Pradera /PSB/Divulgação)
Em um “reencontro” com as suas origens de esquerda, o PSB
aprovou nesta sexta-feira uma resolução nacional que impede o apoio do
partido a candidatos que não sejam desse segmento ideológico. Em
congresso, os socialistas reforçaram a tendência de não lançar candidato
próprio, mas rejeitaram uma aliança com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
A restrição ao tucano se deve à pressão da base popular do
partido, que quer a legenda definitivamente de volta para o campo de
esquerda. Dos 1.200 delegados no congresso da sigla, 690 são ligados aos
segmentos sociais. “Chance de apoiar Alckmin é praticamente zero”,
resumiu o deputado Bebeto Galvão (PSB-BA).
O principal defensor da tese era o vice do tucano, Márcio França, que via na aliança uma possibilidade de ter o PSDB
ao seu lado para disputar a reeleição. Como o apoio recíproco se tornou
praticamente impossível – pela decisão tucana de ter um candidato
próprio, provavelmente o prefeito João Doria –, o próprio França mostrou
estar desistindo da ideia. “Não sou eu quem não vai dar palanque para
Alckmin, ele que estará no [palanque] do Doria”, afirmou.
Nos bastidores, a candidatura do vice em São Paulo é uma das
prioridades do partido, ao lado de outras nove candidaturas estaduais e
da eleição de deputados federais. Para isso, é possível ainda que o PSB
apenas não se coligue com nenhum candidato e libere os estados para
fazer seus arranjos de preferência.
Márcio França conversa com o Podemos, que tem o senador e ex-tucano Alvaro Dias
(PR) como pré-candidato ao Planalto. Nos bastidores, o vereador
paulistano Mário Covas Neto, que também deixou o PSDB, é cogitado para
se filiar ao partido de Alvaro e integrar a chapa socialista como
candidato a vice-governador ou ao Senado. Em troca, França se
distanciaria de Alckmin e abriria espaço para o senador em seu palanque.
Caso prevaleça a tese da candidatura própria, o PSB tem dois
pré-candidatos colocados: Aldo Rebelo, ex-ministro do Esporte e da
Defesa, que trocou o PCdoB pelo partido em 2017; e o ex-deputado Beto
Albuquerque (RS), candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva
em 2014. Nenhum dos dois, no entanto, empolga a militância.
Parte da legenda flerta com o nome de Joaquim Barbosa,
ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) que exige uma
unanimidade em torno do seu nome, o que é considerado quase impossível
dada a fragmentação que a legenda passou a apresentar após a morte do
seu principal líder, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, em
2014. Em caso de aliança, o favorito é o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT).
(Com Estadão Conteúdo)
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