sexta-feira, 23 de março de 2018

Lava Jato denuncia Paulo Preto, ex-diretor da Dersa. Paulo Vieira de Souza, que comandou a estatal no governo de José Serra, é o primeiro denunciado no braço paulista da operação

LAVA JATO
 O ex-diretor de engenharia da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, concede entrevista após votar no bairro Jardim Everest, em São Paulo (SP)
 O ex-diretor de engenharia da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, concede entrevista após votar no bairro Jardim Everest, em São Paulo (SP) (Mateus Bruxel/Folhapress)

A força-tarefa da Operação Lava Jato em São Paulo denunciou o engenheiro Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ex-diretor da Dersa, estatal paulista de gestão do sistema rodoviário. Paulo Preto, o primeiro acusado do braço da operação no estado, responderá pelos crimes de formação de quadrilha, peculato e inserção de dados falsos em sistema público de informação.

Além dele, também foram denunciados Tatiana Souza Cremonini, filha do ex-diretor, dois ex-funcionários da estatal e a filha de um dos dois. Paulo Vieira de Souza já foi citado por delatores como um possível operador de propinas para o PSDB em São Paulo, o que, até o momento, não foi provado.

De acordo com a denúncia, os cinco investigados desviaram 7,7 milhões de reais dos cofres da Dersa, dinheiro que seria destinado a famílias desalojadas em virtude de obras feitas no estado entre 2009 e 2011, quando foram governadores de São Paulo três tucanos: José Serra (2007 a 2010), Alberto Goldman (2010) e Geraldo Alckmin (desde 2011). Paulo Preto comandou a Dersa entre 2007 e 2010.

Para executar o esquema, a quadrilha teria inserido no sistema da empresa, como beneficiários, cerca de 1.800 pessoas que não teriam direito ao que receberam: auxílios, indenizações e até apartamentos da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo (CDHU). Na lista, seis empregadas de Paulo Preto: três babás, duas domésticas e uma funcionária alocada na empresa de um genro seu.

Em outro dos casos, chegou a ser criada, no projeto de uma obra, uma área fictícia na qual eram inseridos os cadastros dos beneficiários falsos. A terceira situação citada pelo MPF é a obra de prolongamento da avenida Jacu Pêssego, realizada pela Dersa, de onde teria saído a maior parte do dinheiro do dinheiro do esquema, 6,3 milhões de reais.

Defesa

O advogado Daniel Bialski, que representa Paulo Vieira de Souza, afirmou que “esta denúncia é contrária à própria conclusão da auditoria interna e investigações internas que inocentaram Paulo Vieira de Souza, de qualquer ato ilícito ou favorecimento a quem quer que seja”.

“Igualmente, a denúncia não se ampara nos elementos informativos colhidos no inquérito policial que mostraram que ele não cometeu qualquer crime”, conclui.

Em nota, a Dersa e o governo de São Paulo se disseram “os grandes interessados quanto ao andamento das investigações”. A empresa completa que “reforça seu compromisso com a transparência e permanece à disposição dos órgãos de controle para colaborar com o avanço das apurações”.

Leia a íntegra da nota:

A Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S/A e o Governo do Estado de São Paulo são os grandes interessados quanto ao andamento das investigações. A Companhia esclarece ainda que em 2011 organizou seu Departamento de Auditoria Interna, instituiu um Código de Conduta Ética, cuja adesão é obrigatória para todos os funcionários e contratados, e também abriu canais para o recebimento de denúncias que garantem o completo anonimato da fonte. Parte relevante das informações que embasam a denúncia do Ministério Público foi obtida internamente como fruto deste trabalho. A Empresa reforça seu compromisso com a transparência e permanece à disposição dos órgãos de controle para colaborar com o avanço das apurações.


(Com Estadão Conteúdo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário