Justiça manda Joesley indenizar Temer em R$ 300 mil por declarações em entrevista. Presidente alegou que sua honra foi "maculada" ao ser acusado de chefiar quadrilha
JUSTIÇA
O dono da JBS Joesley Batista e o presidente Michel Temer
- Montagem com fotos de arquivo
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJ-DFT)
determinou nesta quarta-feira que o empresário Joesley Batista pague R$
300 mil ao presidente Michel Temer por danos morais. Joesley vai pagar a
multa por ter afirmado, em entrevista a ÉPOCA publicada em junho de
2017, que Temer chefiava "a maior e mais perigosa organização criminosa
do Brasil". Ainda cabem recursos às instâncias superiores do próprio
TJ-DFT.
A decisão foi da Terceira Turma do tribunal, por três votos a dois.
Os desembargadores aceitaram um recurso da defesa do presidente. Na
primeira instância, Temer havia pedido umaindenização de R$ 600 mil,
alegando que Joesley havia "maculado sua honra com afirmações
absolutamente difamatórias". O pedido, no entanto, foi negado em janeiro
pelo juiz Jayder Ramos de Araújo, da 10ª Vara Cível do Distrito
Federal, que considerou que os fatos já eram de conhecimento público,
devido à delação premiada do empresário.
O magistrado ainda determinou na ocasião que Temer pagasse R$ 60 mil
referentes às custas processuais e aos honorários advocatícios. A defesa
do emedebista, então, recorreu da decisão para a segunda instância.
"Importante destacar, também, que a entrevista publicada na revista
apresenta narrativa clara e objetiva, sem a utilização de adjetivações
pejorativas ou discriminatórias de natureza pessoal que revelem o desejo
de ofender a honra do autor. Pelo contrário, os fatos foram descritos
com palavras sopesadas a ponto de não ultrapassar o limite da informação
e, dessa forma, não causaram maior repercussão junto ao público do que
aquelas que já havia causado o levantamento do sigilo das declarações
contidas na delação premiada", afirmou o juiz Ramos de Araújo na decisão
de janeiro.
Em julgamento nesta tarde, contudo, os desembargadores reverteram a
decisão e entenderam que caberia a indenização ao presidente, só que em
valor menor que o pleiteado inicialmente.
Advogado de Temer na ação, Renato Ramos comemorou a decisão da
Justiça e ressaltou que não é contra a celebração de acordos de
colaboração, e sim dos "excessos" relacionados a isso. Ele disse que não
conseguiu conversar diretamente com o presidente, mas avisou assessores
do Palácio do Planalto.
— Não sei se ele [Temer] ficou feliz ou triste, falei com assessores
dele. Mas é sempre uma vitória, porque uma coisa é delação, isso ele tem
o direito de fazer, a questão é o excesso, a extrapolação da delação —
disse o advogado do MDB.
A defesa de Joesley informou que não comentará a decisão.
(MatheusCoutinho/Época)
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