BRASIL, POLÍTICA
'É inusitado um governo penar para aprovar algo desta natureza', disse o
senador, em entrevista a VEJA (Claudio Andrade/Câmara dos Deputados)
O senador Alvaro Dias,
líder do Podemos na Casa, apresentou, nesta quinta-feira, 23,
requerimento para tentar reverter a votação do plenária da Câmara dos
Deputados, e devolver o Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(Coaf) para o ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro.
Por 228 votos a 210, os deputados aprovaram, na noite desta
quarta-feira 22, a transferência do Coaf para o Ministério da Economia,
de Paulo Guedes.
Se o requerimento de Alvaro Dias for aprovado no Senado, a medida
provisória (MP) 870, que trata sobre a reforma administrativa do governo
Bolsonaro, volta para a análise na Câmara. A votação no Senado está
prevista para a terça-feira 28.
A MP 870 perde validade no dia 3 de junho – caso isso aconteça,
Bolsonaro terá de governar com a estrutura da gestão do ex-presidente
Michel Temer, composta por 29 ministérios.
Em entrevista a VEJA, o senador afirmou que “não há dificuldade
regimental” para a aprovação do texto. “Há tempo hábil para aprovação no
Senado e na Câmara. Nós votaríamos esta matéria nesta quinta-feira, mas
a análise foi adiada para a próxima semana porque uma parte ficou
pendente na Câmara”, disse o líder do Podemos.
Na avaliação de Alvaro Dias, o governo Bolsonaro não fez um “grande
empenho” para manter o Coaf sob a responsabilidade de Moro. “A impressão
que fica é que não faz grande diferença para o governo”, criticou.
Para Dias, este é mais um episódio que reforça a incapacidade de
articulação política do governo Bolsonaro. “Isso ressalta que as
lideranças do governo não estão obtendo êxito no Congresso”, afirmou.
“[A reforma administrativa] Não é uma matéria que coloca governo de
um lado e oposição do outro. Cabe ao governo definir sua estrutura de
governo, a oposição cobrará resultados depois. Esse tipo de matéria
jamais encontraria dificuldades em qualquer outro tempo. É inusitado um
governo penar para aprovar algo desta natureza.”, acrescentou.
O senador também chamou a atenção para o número de 228 votos contra a
manutenção do Coaf no Ministério da Justiça. “Isso comprova que houve
uma renovação de pessoas na Câmara, mas a velha prática [de ser
negligente no combate à corrupção] perdura, não há uma mudança
expressiva”, disse.
Leia íntegra do requerimento aqui.
(Por André Siqueira/Veja.com.br)
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