FALOU EM TENTATIVA DE ATAQUE
O ex-ministro Sergio Moro - Fabio Rodrigues Pozzebom/AgÊncia Brasil
Brasília - O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, se
disse 'perplexo' e 'indignado' com a decisão do Ministério Público
Federal de retomar as tratativas para acertar um acordo de delação que
pode prejudicar o advogado Carlos Zucolotto, seu amigo pessoal. Para
Moro, há em curso uma tentativa de atacá-lo após sua saída do governo.
"Causa-me
perplexidade e indignação que tal investigação, baseada em relato
inverídico de suposto lavador profissional de dinheiro, e que já havia
sido arquivada em 2018, tenha sido retomada e a ela dado seguimento pela
atual gestão da Procuradoria-Geral da República logo após a minha
saída, em 22/04/2020, do Governo do Presidente Jair Bolsonaro", escreveu
o ex-ministro em nota enviada à imprensa.
Segundo reportagem
publicada nesta quarta-feira, 3, pelo jornal O GLOBO, o procurador-geral
da República, Augusto Aras, desengavetou uma investigação sobre suposto
pagamento de US$ 5 milhões em propina a Zucolotto, que foi padrinho de
casamento de Sergio Moro e sócio da esposa do ex-ministro. A denúncia já
foi investigada pela própria PGR e arquivada em 2018, sob conclusão de
que a prática de crimes não foi comprovada.
Com o desarquivamento
do inquérito pela PGR, Aras pretende voltar a negociar uma colaboração
premiada com o advogado Rodrigo Tacla Duran, apontado pela força-tarefa
lavajatista como operador financeiro da Odebrecht. Ele próprio afirmou
ter pago dinheiro ao amigo de Moro para obter vantagens em uma delação
premiada, posteriormente frustrada, com a Lava Jato em 2016. Entre elas,
uma suposta redução no valor da multa delatória. Duran está foragido no
exterior desde 2016, quando foi alvo de um mandado de prisão
determinado por Moro.
A nova negociação ocorre em um momento de
tensão entre Moro e o Planalto. O ex-ministro passou a adversário do
presidente após ter pedido demissão do governo alegando que Bolsonaro
tentou interferir politicamente na Polícia Federal para blindar
familiares e aliados de investigações. As acusações levaram à abertura
de um inquérito, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) sob
relatoria do ministro Celso de Mello.
COM A PALAVRA, SERGIO MORO
"Sobre
a matéria "Aras retoma delação que atinge amigo de Moro", publicada no
Jornal OGlobo, nesta quarta-feira 03/06/2020, venho informar que:
Os
relatos de Rodrigo Tacla Duran sobre a suposta extorsão que teria
sofrido na Operação Lava Jato, com envolvimento de um amigo pessoal,
Carlos Zucolotto Júnior, já foram investigados na Procuradoria-Geral da
República e foram arquivados em 27/09/2018, com parecer do então
Vice-Procurador-Geral da República (Notícia de fato
1.00.000.010357/2018-88).
Na ocasião, o relato não
verdadeiro prestado por acusado foragido do país teve o destino
apropriado: o arquivamento. Como sempre frisei, ninguém está acima da
lei, por tal razão, disponho-me a prestar qualquer esclarecimento que se
vislumbre necessário sobre os fatos acima. Contudo, causa-me
perplexidade e indignação que tal investigação, baseada em relato
inverídico de suposto lavador profissional de dinheiro, e que já havia
sido arquivada em 2018, tenha sido retomada e a ela dado seguimento pela
atual gestão da Procuradoria-Geral da República logo após a minha
saída, em 22/04/2020, do Governo do Presidente Jair Bolsonaro.
Lamento,
outrossim, que mais uma vez o nome de um amigo seja utilizado
indevidamente para atacar a mim e o trabalho feito na Operação Lava
Jato, uma das maiores ações anticorrupção já realizadas no Brasil.
Curitiba, 03 de junho de 2020.
Sergio Fernando Moro"
(Por:Estadão Conteúdo)
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