SUBIU O TOM
O ministro Dias Toffoli - Reprodução
Brasília - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli,
defendeu o papel da corte como guardiã da Constituição e afirmou não
ser mais possível dizer que as Forças Armadas são um poder moderador. O
ministro fez as declarações em palestra virtual para juristas e
estudantes de Direito na manhã deste sábado, 20. Na ocasião, disse que o
artigo 142 da Constituição tem sido equivocadamente interpretado para
tentar atribuir, às Forças Armadas, uma possível função de instituição
moderadora. "Quem é o guarda da Constituição é o Supremo Tribunal
Federal. Não é mais possível Forças Armadas como poder moderador", disse
O
ministro afirmou que a Constituição de 1988 trouxe uma nova realidade
cultural para o Brasil, "pela sua participação e pelo pacto que se
construiu" entre todos. "É um pacto possível que foi feito e o Supremo é
o guardião desse pacto. Ninguém mais. Obviamente que todos têm de
cumprir a Constituição e todos são guardiões da Constituição. Mas o
guardião último é o STF", disse
Preocupado com as interpretações
recentes e equivocadas da Constituição, o ministro afirmou que, em 1964,
as Forças Armadas "foram chamadas para exercer esse poder moderador",
mas "ficaram no poder por 20 anos".
Durante uma longa explanação,
Toffoli minimizou, no entanto, a responsabilidade das Forças Armadas
pelo golpe de 1964. Citando vários juristas, argumentou que foi
"conveniente", tanto para a esquerda quanto para a direita, "colocar
toda a responsabilidade" do "movimento" sobre as Forças Armadas.
"Em
Brasília, não se fala nem revolução nem golpe. Torquato Jardim (jurista
e ex-ministro do TSE) fala movimento, para não criar nenhum
desentendimento em uma mesa de debate. A ideia de movimento não
desagrada nenhuma das partes. Foi conveniente para esquerda e para a
direita colocar toda a responsabilidade nas Forças Armadas", disse. "Os
dois lados erraram, a elite brasileira e a esquerda erraram."
Toffoli
citou uma biografia de Castello Branco, do escritor Lira Neto, para
dizer que o "movimento" militar foi apoiado pela elite e pela sociedade.
"Os militares entram para fazer a transição e, em vez de fazer a
transição, eles ficam no poder por 20 anos".
O presidente do STF
também fez questão de se defender de críticas feitas a sua atuação, como
presidente da Corte, junto ao governo Bolsonaro. "Muita gente não gosta
de mim, mas sou o presidente do STF. Sou aquele que será o interlocutor
do STF nas relações político-institucionais e na condução da Corte",
afirmou, defendendo, ao concluir, que as cortes constitucionais se
tornaram poder moderador e que esse poder moderador tem que ser usado
com prudência. "Direito é prudência, daí, Jurisprudência."
(Por:Estadão Conteúdo)
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