MUITA SORTE
Alessandra Bernardo
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A Marinha do Rio Grande do Norte resgatou um velejador holandês que ficou à deriva após ter sido atacado por um cardume de tubarões em alto-mar, a cerca de mil quilômetros da costa potiguar, na última quarta-feira (28). Localizado por uma aeronave da Aeronáutica no dia seguinte, ele desembarcou na Base Naval de Natal na manhã desta segunda-feira (02), junto com sua embarcação, um veleiro movido a pedal que se transforma em bicicleta e com a qual o viajante pretende dar a volta ao mundo.
Segundo o comandante do Navio Patrulha “Macau”, o capitão de corveta Bruno Emilião, quando a equipe chegou ao local onde Ebrahim Hemmatnia estava no sábado passado, ele já havia recebido os primeiros socorros feitos pela tripulação do barco pesqueiro “Ouled si Mohand”. Ele estava bem de saúde, mas assustado, porque na noite da quinta-feira, sua embarcação virou e ele caiu na água.
“Assim que ele foi posto a bordo, o nosso médico fez os exames essenciais e identificou que estava tudo bem. Depois, fizemos o transporte da embarcação, uma adaptação com propulsão a pedal e que apresentava avarias no leme e na escotilha. Ele explicou que saiu de Dakar, capital de Senegal, no dia 23 de novembro do ano passado e seguia em direção à Fortaleza, numa volta ao mundo. Seu projeto é ir até o Rio de Janeiro e, de lá para o Peru, pedalando”, explicou.
Emilião disse que o ataque sofrido por Ebrahim ocorreu no dia 24 de janeiro e que no dia 29, apenas um dia após o sinal de alerta emitido pela Guarda Costeira da Holanda, a Marinha e a Aeronáutica já haviam conseguido localizá-lo em alto-mar, resgatando-o no dia seguinte. E que a integração e agilidade do trabalho das duas foi essencial para evitar que o incidente tivesse um desfecho trágico. E que foi a primeira vez que atendeu a uma ocorrência envolvendo uma embarcação desse tipo.
“A operação foi um sucesso do ponto de vista de mobilização do sistema de busca e salvamento marítimo. Uma operação conjunta da Marinha e da Força Aérea Brasileira, aliada à prontidão das aeronaves e do navio possibilitou que fosse feito o resgate em uma área muito distante, mais de mil quilômetros de Natal, em um tempo considerado muito bom e com o viajante em perfeitas condições”, disse.
Volta ao mundo continua
Tranquilo, Ebrahim Hemmatnia, de 38 anos, disse que seguia para Fortaleza quando foi atacado por um cardume de tubarões, que provocou avarias importantes no leme e na escotilha da embarcação, construída na Holanda em 2013 e que, apesar do susto, vai continuar sua volta ao mundo. Ele revelou que na hora em que foi atacado, ficou com muito medo, mas que jamais perdeu a esperança de sair vivo da situação.
Iraniano naturalizado holandês, ele iniciou a aventura na Holanda e navegou até a cidade de Dakar, no continente ocidental da África, de onde saiu em direção à Fortaleza, no Ceará. Sua embarcação, com capacidade para apenas uma pessoa, pode ser transformada em uma bicicleta. É pedalando que ele planeja chegar até o estado do Rio de Janeiro e, de lá, seguir para o Peru.
“Depois, vou atravessar o Oceano Pacífico velejando, até chegar à Ásia. Minha alimentação é baseada em comida de astronauta, já a água é captada da chuva ou do mar, quando uso um dessalinizador. Na hora, tive muito medo, mas também coragem para lutar e sobreviver. Eu sabia que iria sobreviver, que não iria morrer ali. Acho que, pelo formato do meu barco, os tubarões o confundiram com um peixe e por isso, me atacaram”, falou.
A consulesa honorária da Holanda no Rio Grande do Norte, Monique Degens e o capitão de fragata Robledo de Lemos, acompanharam a chegada de Ebrahin em terra firme, assim como o veleiro “Ad infinitum”, que deve passar por conserto antes do velejador seguir viagem pela América Latina.
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