LAVA JATO
A conta atribuída pela Operação Lava Jato na Suíça ao marqueteiro João
Santana recebeu três depósitos que totalizaram US$ 1,5 milhão em 2014,
período em que ele cuidava da campanha da presidente Dilma Rousseff.
Houve um pagamento em 10 de julho, um em 6 de setembro e um terceiro em 4
de novembro daquele ano. Os pagamentos foram feitos por uma offshore, a
Deep Sea Oil Corp, de Zwi Skornicki.
Os repasses constam de uma
tabela em poder da Polícia Federal e do Ministério Público Federal,
montada com dados enviados pelo Citibank North America, de Nova York,
com base em um pedido de cooperação internacional. O período em que
foram efetuados os três pagamentos põe em xeque a defesa de Santana.
Segundo o marqueteiro, os valores recebidos no exterior foram relativos a
serviços prestados por ele fora do Brasil.
Em 2014, Santana se
dedicou prioritariamente a atender Dilma. Naquele ano, a campanha
começou oficialmente em julho e terminou em novembro, com a reeleição
dela.
Santana, a mulher e sócia dele, Mônica Moura, e Skornick
estão presos em Curitiba - todos são alvo da Operação Acarajé - 23.ª
fase da Lava Jato deflagrada anteontem. O casal estava no República
Dominicana e se apresentou ontem à PF. Skornicki, apontado como operador
de propina, foi preso anteontem.
Pagamentos
Na tabela em
poder da Lava Jato estão débitos e créditos da conta mantida no Banque
Heritage, na Suíça, em nome da offshore Shellbill Finance, que, segundo a
força-tarefa, é de Santana - e que passaram pela agência do Citibank em
Nova York. Ao todo, foram identificados nove depósitos da conta
secretada de Zwi Skornicki, entre 2008 e 2015, totalizando US$ 4,5
milhões.
"Identificaram-se, ainda, ao menos nove depósitos de Zwi
Skornicki e Bruno Skornicki, a partir de conta no banco Delta National
Bank & Trust CO. mantida em nome da offshore Deep Sea Oil Corp., em
favor da conta do Banque Heritage aberta em nome da offshore Shellbill,
cujos beneficiários são João Santana e Mônica Moura, mediante a
utilização da conta correspondente do Citibank North America, New York,
no valor total de USD 4.500 000", disse o delegado Filipe Hille Pace.
O
primeiro pagamento da offshore para a suposta conta secreta de Santana é
de 25 de setembro de 2013. Outros dois ocorrem no mesmo ano, em
novembro e dezembro. Todas as nove transferências feitas pela Deep Sea
Oil a Santana são de US$ 500 mil cada uma. Em 2014, os primeiros
pagamentos foram feitos em fevereiro, março e abril. Os pagamentos
voltaram a ocorrer em julho, quando a campanha eleitoral no Brasil já
havia começado oficialmente, em setembro e novembro.
A PF apura
informação de que a conta aberta em nome da offshore Shelebill recebeu
bem mais do que os US$ 7,5 milhões já identificados com a ajuda dos EUA.
"Não estamos apurando crime eleitoral, nosso interesse é o suposto
crime de lavagem de dinheiro", afirmou Pace. A Lava Jato mira no uso de
doações como forma de ocultar propina.
TSE
Em manifestação
protocolada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ontem, o PSDB pede que
sejam acrescentados no processo em que a legenda pede a cassação do
mandato de Dilma e do vice Michel Temer os documentos obtidos na
Acarajé. O PSDB também pede que seja tomado o depoimento de Skornicki.
"De grande importância igualmente se faz a oitiva, como testemunha, de
Zwi Skornicki, apontado como o responsável pelas remessas de valores
irregulares", diz o pedido.
Vice-presidente do TSE, Gilmar Mendes
disse ontem que é possível incluir novas provas da Lava Jato no
processo em curso no tribunal. "Os fatos são pré-existentes. As provas é
que são novas. E o momento (de incluir novas provas) é esse. Agora que
abriu para instrução processual, encerrou essa fase de defesa."
por: Estadão Conteúdo
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