Caberá à polícia de Vilhena investigar
uma denúncia contra a Igreja Universal do Reino de Deus apresentada
nesta quarta-feira, 26, pela esposa de um fiel da denominação na cidade.
O caso, no entanto, tem contornos dramáticos, e envolve muito mais que
um suposto estelionato religioso.
Através de pessoas que conhecem o caso, a
equipe de reportagem obteve detalhes da história do homem de 38 anos,
que descobriu em 2009 ser portador do vírus HIV, mas que acredita estar
curado da doença graças à militância na igreja do bispo Edir Macedo.
O paciente se tratou até o ano passado
no Serviço de Atendimento Especializado (SAE), em Vilhena, mas desistiu
da terapia para seguir as orientações do pastor da Universal, que
prometia livrá-lo do “vírus da Aids” através de orações.
Mesmo suspendendo voluntariamente a
medicação, o homem sempre retornava ao SAE quando tinha uma recaída.
“Ele chegava com diarréia ou pneumonia, decorrentes da ação do HIV, mas
não aceitava tomar os medicamentos contra o vírus. A gente, então,
tratava apenas os sintomas, pois o paciente dizia que estava curado ‘em
nome de Jesus’”, confirma uma servidora da entidade.
Ontem, assistentes sociais descobriram
que o fanatismo religioso do portador do HIV está comprometendo toda a
família: a esposa resolveu desabafar e contar que o marido já doou quase
tudo à Igreja Universal em troca da cura.
E a mulher só resolveu fazer as
revelações porque, além de já estar faltando comida em casa, o
companheiro anunciou que, nos próximos dias, “entregaria no altar” o
único bem que lhe restou: a casa onde todos vivem
Ao relatar o caso na polícia, a esposa
do fiel revelou que ele já doou uma moto e entrega à igreja os dois
benefícios que garantem a sobrevivência da família: as pensões que o
INSS paga para ele próprio (em decorrência da doença) e para a filha,
menor de idade e portadora de deficiência mental. A criança tem 7 anos e
frequenta a APAE.
Acompanhando o caso e tentando evitar
que o homem morra em decorrência da Aids e a família dele de fome, o SAE
vai orientar a esposa a entregar ao pastor da Universal uma cópia da
ocorrência registrada na polícia e o recorte de uma reportagem mostrando
que a mesma denominação já foi condenada por um episódio parecido.
por:JornaldoPaís
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