Quem
é petista e não se beneficiou das maracutaias lideradas pelo partido
não deve ser bandido — embora possa gostar de bandidos… Mas uma coisa é
certa: é trouxa. Por que afirmo isso? Nem Lula nem Dilma compareceram
para votar neste domingo, embora tenha havido segundo turno nas cidades
de seus respectivos domicílios eleitorais: São Bernardo do Campo e Porto
Alegre.
Sendo quem
são, trata-se de uma óbvia manifestação de desrespeito pelo processo
eleitoral. Só não compareceram porque ambos já haviam sido derrotados
nas suas cidades. Na mítica capital do sindicalismo petista, berço
político de Lula, Tarcísio Secoli, candidato do PT, ficou em terceiro
lugar no primeiro turno, com 22,57%. O segundo turno foi disputado por
Orlando Morando, do PSDB, que ficou com 45,07% na primeira jornada, e
Alex Manente, do PPS, com 28,41%. O tucano vai vencer. É claro que,
houvesse um companheiro na reta final, o Apedeuta lá estaria.
Dilma
também deu de ombros para a eleição, não quis nem saber. Ela vota em
Porto Alegre. Do mesmo modo, na capital gaúcha não sobrou esquerdista
para a etapa final. Nelson Marchezan Jr., que deve vencer, do PSDB,
enfrenta Sebastião Mello, do PMDB. Raul Pont, do PT, obteve apenas
16,37% dos votos. A outra esquerdista da turma, Luciana Genro (PSOL),
que chegou a liderar a disputa, obteve apenas 12,06% e ficou em quinto
lugar.
A
ex-presidente preferiu se mandar para a sua terra natal, Belo Horizonte,
onde também não teria candidato. Reginaldo Lopes, do PT, teve
desempenho de nanico na primeira jornada: 7,27%. Alexandre Kalil (PHS) e
João Leite (PSDB) rejeitaram, obviamente, o apoio do PT.
Vamos lá:
eu sou contra o voto obrigatório. Acho que tem de acabar. Mas Lula e
Dilma são favoráveis. Dois ex-presidentes que deixam de comparecer ao
segundo turno porque não têm candidato evidenciam que eles só respeitam
resultado em que são vencedores. Bem, já sabíamos disso.
Segundo o
Inciso II do 1º Parágrafo do Artigo 14 da Constituição, Lula não é
obrigado a votar porque já tem mais de 70 anos. Mas Dilma ainda tem 68.
Só para lembrar: o voto também não é obrigatório para analfabetos e
pessoas entre 16 e 18 anos.
Ocorre que
a questão, obviamente, não é de natureza legal apenas. Antes de mais
nada, é política. Sendo quem são, deveriam demonstrar subordinação às
regras do jogo… Bem, não seria agora que a dupla exibira seu amor ao
Estado de Direito, não é mesmo?
Fico aqui
pensando naqueles, com todo respeito, bobões que fazem vigília em frente
à casa de Lula ou que foram às ruas para defender o mandato de Dilma.
Eis o que ganham em troca: uma solene banana.
Ainda que a
dupla pudesse argumentar que iria anular o voto, pouco importa. Deveria
ter demonstrado que aceita as regras do jogo. Como se vê, não aceita.
Para o PT, só um resultado é legítimo: a vitória do partido. Ou eles
gritam: “golpe!”.
Por:
Reinaldo Azevedo/Veja
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