GUERRA DO TRÁFICO NO RIO DE JANEIRO
Na manhã de 4 de março de 2015, o adolescente G.V., de 15 anos, foi
capturado pela Polícia Militar na mata que cerca o bairro Itanhangá, na
zona oeste do Rio de Janeiro. Soldado do tráfico, G.V. e outros cinco
traficantes encapuzados se embrenharam na floresta para invadir de
surpresa a favela Vila da Paz. Surpreendidos pela PM, eles começaram um
tiroteio. GV negou ter atirado, mas confessou à Justiça que escondera a
pistola em algum lugar da mata, antes de ser pego. Ele disse que parou
de estudar no 6º ano do ensino fundamental. Morava no Vidigal, favela da
zona sul, de onde fugiu após desavenças com bandidos locais. Já fora
pego em 2014 por tráfico de drogas e admitiu usar maconha.
A equipe da PM encontrou mochilas deixadas em meio às árvores pelos
traficantes em fuga. Além de capuz e gorro, apreenderam nove balas de
pistola, meio quilo de cocaína (que vale mais de R$ 7.000) e 78 gramas
de maconha. Além de GV, os policais pegaram o traficante Jhony Augusto,
de 19 anos, enquanto quatro comparsas conseguiram fugir. A intenção do
grupo era ocupar a Vila da Paz para avançar sobre o Morro do Banco, área
vizinha em poder da PM. Jhony e seus cúmplices vieram com a missão do
Morro do Borel, localizado na Zona Norte.
Após a pacificação das favelas da Rocinha e dos complexos do Alemão e
de Lins, traficantes buscaram um novo refúgio para compensar o espaço
perdido. Em 2013, de um dia para outro, moradores do Morro do Banco se
depararam com criminosos na entrada do morro. Sentados em um sofá, no
meio da rua, armados com fuzis e pistolas, vendiam drogas à vista de
todos. A PM rechaçou os bandidos, mas eles continuam embrenhados na
mata, onde escondem carregamentos de cocaína, maconha e armas em
barracas de camping.
Na segunda-feira, dia 31, a dentista Priscila
Nicolau, de 37 anos, passava pelo bairro Itanhangá quando 17 tiros de
fuzil e pistola atingiram seu carro. Um disparo acertou o rosto e outro,
o seu braço. Ela morreu na hora, uma tragédia que comoveu até mesmo
experientes delegados de polícia. Priscila foi vítima da ação de
guerrilha de bandidos que tenham ganhar território na cidade, como se
estivessem em uma área de guerra.
O delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa, à frente da
investigação, disse que um grupo de bandidos tentou tomar o Morro do
Banco. Assim como o episódio de 2015, agiram à luz do dia, encapuzados e
vinham do Borel. A PM reagiu à incursão. Os traficantes correram e se
esconderam na mata. Barbosa que disse que horas depois, quando deixaram a
floresta, o bando se deparou com a dentista. A polícia acredita que o
grupo tentou roubar o carro.
Na manhã desta terça-feira, dia 1º, a
PM fez operações na região e dentro da floresta. Os policiais prenderam
dois suspeitos, tanto da tentativa de invasão à favela como do
assassinato de Priscila. A dupla foi pega quando saía de uma trilha na
mata.
por: HUDSON CORRÊA/Época
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