O juiz federal Sérgio Moro participa de palestra sobre corrupção em São Paulo (SP) - 04/10/2016 (Miguel Schincariol/AFP)
A Operação Lava Jato mirou – e acertou – nomes importantes
da política nacional em 2016. Em Curitiba, Rio de Janeiro ou Distrito
Federal, seja pelo escândalo de corrupção na Petrobras ou investigações
derivadas dele, foram parar no banco dos réus pesos-pesados como o
ex-presidente Lula, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, o
ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, o ex-ministro da Fazenda e
da Casa Civil Antonio Palocci e o marqueteiro João Santana.
O juiz federal Sergio Moro e os demais magistrados de primeira instância à frente destas ações penais, a exemplo de Vallisney Oliveira,
da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, levam uma média de seis a nove
meses entre o recebimento de denúncias do Ministério Público Federal e
os julgamentos.
Considerando a velocidade das canetas de quem vai julgá-los, estes
nomes outrora poderosos devem figurar em sentenças judiciais em 2017.
Relembre na lista abaixo as acusações contra eles:
Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, réu em três ações penais
Réu em cinco ações penais na Justiça Federal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
deve conhecer suas primeiras sentenças judiciais em 2017. Lula foi
colocado no banco dos réus pela primeira vez em julho de 2016, quando o
juiz federal Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal,
aceitou a denúncia do Ministério Público Federal que acusa o petista de
ter participado da tentativa de obstrução das investigações da Operação
Lava Jato por meio da compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras
Nestor Cerveró. O juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava
Jato em Curitiba, abriu a segunda ação penal contra o ex-presidente em
setembro. Neste processo, o petista é acusado dos crimes de corrupção e
lavagem de dinheiro no caso do tríplex construído pela OAS no Guarujá
(SP) e no armazenamento de seu acervo pessoal, bancado pela empreiteira.
O terceiro processo contra o ex-presidente Lula foi aberto em outubro
pelo juiz Vallisney Oliveira, também da 10ª Vara Federal do Distrito
Federal, a partir da Operação Janus. Neste caso, pesam contra Lula
acusações de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção e
tráfico de influência em contratos do BNDES que teriam favorecido a
empreiteira Odebrecht. Nos dias 16 e 19 de dezembro, respectivamente,
Oliveira em Moro aceitaram mais duas denúncias contra o
ex-presidente, que sentou no banco dos réus da Operação Zelotes, acusado
de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa, e
em mais um processo da Operação Lava Jato, desta vez pelo suposto
recebimento de propinas da Odebrecht.
Eduardo Cunha
O ex presidente da câmara dos deputados Eduardo Cunha ( PMDB ), após ser preso na Operação Lava Jato (Vagner Rosário/VEJA.com)
Preso em Curitiba desde outubro por ordem do juiz federal Sergio Moro, o ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha
é acusado em três ações penais e também deve ser julgado em 2017. Cunha
é réu desde outubro na Justiça Federal do Paraná pelos crimes de
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas
por supostamente ter recebido propina na compra de um campo de petróleo
no Benin, na África, pela Petrobras. O dinheiro teria sido escondido em
contas não declaradas pelo peemedebista no exterior. Outra ação penal
contra Cunha corre no Tribunal Regional Federal da 2ª Região, no Rio de
Janeiro, esta por suposto recebimento de 5 milhões de dólares em propina
oriundos de contratos de afretamento de navios-sonda da Samsung Heavy
Industries pela Petrobras. Cunha ainda é réu em outro processo, que
tramita na Justiça Federal do Distrito Federal, em que é acusado dos
crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, prevaricação e violação de
sigilo funcional em aportes de fundos de investimento administrados pela
Caixa Econômica Federal, como o Fundo de Investimentos do FGTS
(FI-FGTS), em empresas.
Antonio Palocci
O ex-ministro Antonio Palocci, preso durante a 35ª fase da Operação Lava Jato, intitulada “Omertà” (Vagner Rosário/VEJA.com)
Identificado como “Italiano” nas planilhas departamento de propinas da Odebrecht, o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci
está preso em Curitiba desde o fim de setembro, se tornou réu na Lava
Jato no início de novembro e deve conhecer a sentença do juiz federal
Sergio Moro em 2017. A força-tarefa do Ministério Público Federal
atribui a Palocci os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro
por ter recebido e intermediado ao PT pagamentos de propina da
empreiteira. Um relatório da Polícia Federal mostra que, entre 2008 e o
fim de 2013, foram pagos mais de 128 milhões de reais ao partido e seus
agentes, incluindo o ex-ministro.
João Santana
O marqueteiro João Santana (Vagner Rosário/VEJA.com/VEJA.com)
Preso em fevereiro de 2016 e colocado no banco dos réus da Lava Jato dois meses depois em duas ações penais, o marqueteiro João Santana
ainda não foi sentenciado por Sergio Moro. Santana é acusado pelo
Ministério Público Federal dos crimes de corrupção e lavagem de
dinheiro. Os investigadores da Lava Jato descobriram depósitos da
empreiteira Odebrecht e do lobista Zwi Skornicki, representante do
estaleiro Keppel Fels, de Singapura, em uma conta não declarada mantida
na Suíça pelo marqueteiro e sua mulher e sócia, Mônica Moura. Os
pagamentos, num total de 7,5 milhões de dólares, foram feitos até o
final do ano de 2014, ou seja, na época em que o publicitário dirigia a
campanha à reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff. João Santana
deixou a cadeia em agosto e negocia um acordo de delação premiada com a
força-tarefa da Lava Jato.
Sérgio Cabral
O ex-governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, preso na operação Calicute (Vagner Rosário/VEJA.com)
Preso na Operação Calicute, desmembramento da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral
é o mais recente peixe grande a ser colocado no extenso banco dos réus
da Lava Jato e também deve terminar 2017 com pelo menos uma sentença na
primeira instância. O juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelos
processos da operação no Rio de Janeiro, aceitou no início de dezembro a
denúncia do Ministério Público Federal contra Cabral pelos crimes de
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O
peemedebista é acusado pelos procuradores de ter liderado um esquema de
corrupção que desviou 224 milhões de reais de contratos públicos do
estado do Rio com as empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca
Engenharia.
José Dirceu
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, preso na Operação Lava Jato (Rodolfo Buhrer/Reuters/Reuters)
Condenado a 7 anos e 11 meses de prisão no mensalão e a mais 20 anos e 10 meses no petrolão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu
deve receber outra sentença judicial em 2017. Dirceu, que está preso em
Curitiba desde agosto de 2015, é réu em outro processo na Lava Jato,
acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no suposto
recebimento de propina em contratos do setor de compras da Petrobras.
Segundo o Ministério Público Federal, a Apolo Tubulars e a Confab,
fornecedoras com 5 bilhões de reais em contratos com a estatal, pagaram
propina de mais de 40 milhões de reais para “prosperarem” na
petrolífera. Parte do dinheiro sujo teria sido destinada ao petista. A
ação penal em que José Dirceu é réu está na fase de alegações finais, ou
seja, a última oportunidade para acusação e defesa exporem seus
argumentos ao juiz Moro.
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