Público durante partida entre Brasil e Equador, Válida pela 15ª rodada das Eliminatórias Sul-americanas da Copa do Mundo de 2018 - 31/08/2017 (Pilar Olivares/Reuters)
Philippe Coutinho comemora gol contra o Equador, em Porto Alegre (Pilar Olivares/Reuters)
Paulinho e Coutinho foram os destaques da partida em Porto Alegre (Pedro Martins/Mowa Press)
Sob o lema “A Copa já começou”, o técnico Tite garantiu que a seleção brasileira não tiraria o pé do acelerador depois de ter garantido classificação ao Mundial da Rússia em 2018. Não houve falta de empenho, mas pouca inspiração, sobretudo na primeira etapa. A vitória por 2 a 0 sobre o Equador, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre, pela 15ª rodada das Eliminatórias Sul-Americanas, foi garantida no segundo tempo, sem nenhum susto na defesa, e com gols de Paulinho e Philippe Coutinho.
O Brasil, assim, manteve 100% de aproveitamento em nove partidas sob o comando de Tite na competição. De quebra, conquistou o título simbólico das Eliminatórias com três rodadas de antecedência: com 36 pontos, não poderá ser alcançado pelo segundo colocado, a Colômbia, que tem 25. Uruguai, com 24 e Chile, com 23, completam a zona de classificação direta. A Argentina, também com 23, está na zona de repescagem, em 5º, a três rodadas do fim.
Apesar da boa fase da seleção, o alto preço dos ingressos (160 a 500 reis) espantou o público: 36.869 torcedores foram à arena gremista ver a seleção, quase 20.000 a menos que a capacidade total. A renda ultrapassou 7 milhões de reais. A torcida foi fria, assim como o clima na capital gaúcha, na maior parte do tempo, mas animou com a melhora da seleção na segunda etapa. O gremista Luan, que entrou na segunda etapa, foi o mais festejado, ao lado de Neymar, que teve atuação irregular, com jogadas de efeito, mas pouca efetividade e muito individualismo. O goleiro Alisson praticamente não tocou na bola.
Muita marcação, pouca inspiração
O primeiro tempo foi ruim, com a seleção equatoriana muito fechada e a seleção brasileira sem criatividade. A primeira boa chance até veio cedo, com Paulinho, aos sete minutos. O jogador recém-contratado pelo Barcelona invadiu a área, driblou três defensores e bateu firme, mas o goleiro Máximo Banguera fez grande defesa. Dois minutos depois, Willian, que ganhou a vaga de titular de Philippe Coutinho, bateu com perigo de fora da área. O time, porém, caiu de produção.Neymar parecia incomodado com a forte marcação. Sem sucesso na ponta esquerda, onde mais gosta de atuar, inverteu lado com Willian, mas também foi mal e retornou à sua posição original. Chamou a responsabilidade e foi parado com faltas – na mais dura, Fidel Martínez recebeu cartão amarelo. Mas também perdeu a cabeça e recebeu amarelo por falta fora da disputa de bola em Pedro Velasco. Ele agora está pendurado para a próxima partida.
Aos 32 minutos, quando a torcida começou a pedir a entrada do gremista Luan, Gabriel Jesus recebeu livre na área e perdeu chance clara, novamente defendida por Banguera. Na sequência, Casemiro arriscou de fora da área e o goleiro equatoriano quase se complicou. O time visitante tentava conter o ímpeto do Brasil e abusava da “cera”, mas o árbitro deu apenas um minuto de acréscimo.
Copa, enfim, começa
A seleção melhorou na segunda etapa, quando Tite pôde fazer testes que gostaria. A primeira mudança foi por necessidade, no intervalo: Miranda, provavelmente lesionado, deu lugar a Thiago Silva. Neymar partiu ainda mais para cima dos zagueiros, por vezes abusando do individualismo, e novamente foi parado com faltas.Aos 10 minutos, Daniel Alves deu ótimo cruzamento para Gabriel Jesus, que cabeceou bem, mas Banguera defendeu. Aos 12, Tite fez uma substituição ensaiada nos treinos e que mudou a partida: Coutinho mais centralizado que de costume, na vaga de Renato Augusto. O gol saiu pouco depois, com um dos destaques do jogo: após cobrança de escanteio, a zaga equatoriana falhou e a bola sobrou limpa para Paulinho, que chutou forte, sem chances para Banguera. Foi o quinto gol do agora jogador do Barcelona nas Eliminatórias.
A torcida, até então apática, esquentou, assim como todo o time.Aos 25 minutos, Willian e Neymar tentaram, mas pararam nas mãos de Banguera. O segundo gol saiu com o brilho do ataque brasileiro: Coutinho, sem nenhum sinal aparente de lesão (não vinha atuando pelo Liverpool alegando dor nas costas, enquanto negocia com o Barcelona) lançou Gabriel Jesus, que se livrou da marcação com um lençol, e escorou para o próprio Coutinho marcar.
Aos 38 minutos, Tite atendeu ao apelo da torcida e colocou Luan no lugar de Willian. O gremista foi bastante aplaudido e puxou alguns contra-ataques, mas não conseguiu brilhar. A imprecisão no passe final impediu a seleção de ampliar a vantagem. O lateral Marcelo, que foi capitão do time pela primeira vez, fez falta em Antonio Valencia e recebeu cartão amarelo. Ele estava pendurado e, por isso, não enfrentará a Colômbia na próxima terça-feira, em Barranquilla.
( Por Luiz Felipe Castro, de Porto Alegre/Veja.Abril.com.br)
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