
Em seu primeiro e único discurso na Câmara dos Deputados em quase sete anos de mandato, Francisco Everardo Oliveira Silva – o Tiririca – anunciou que deixará a vida parlamentar. Renúncia? Claro que não! Com mais um ano pra mamar às nossas custas, por quê renegar tal mordomia, não é mesmo?
Fora os clichês, sobra muito pouco na
fala do deputado. “Vamos olhar um pouco para o nosso país”, “vamos olhar
pro nosso povo”, “mais saúde”, “já passei fome”, “fui vítima de
preconceito”, “pro povo isto aqui é uma vergonha” e afins são chavões
comuns no discurso de qualquer político, até mesmo nos discursos daquele
que tem quase 10 milhões de reais bloqueados por suspeita de corrupção
enquanto “combate a zelite”.
A realidade, entretanto, é bem
diferente. O próprio Tiririca afirma que “não fez muita coisa”, mas “foi
assíduo” e “votou de acordo com o povo”. Ganha 25 mil reais líquidos
por mês (fora os shows privados que continua fazendo), mas sua mãe “não
tem plano de saúde” e “está no hospital público”. Diz que “sai com
vergonha” do parlamento, mas “jamais irá falar mal de vocês (políticos)
em qualquer canto”. Não se envergonhou com R$ 1,286 milhão de reais que
gastou até agora, somente em cotas parlamentares (R$ 881,2 mil no
primeiro mandato e R$ 404,8 mil até o momento no segundo), tirados do
mesmo “povo” que diz defender.
Com suas palhaçadas, levou à Câmara em
2010 o líder de seu partido (PR – Partido da República), Valdemar Costa
Neto – aquele que renunciou para não ser cassado no julgamento do
Mensalão – além de membros do PT (Vanderlei Siraque), PCdoB (Delegado
Protógenes) e PRB (Otoniel Lima). Na segunda, levou o Capitão Augusto – o
deputado que anda sempre fardado e quer criar mais uma boquinha
partidária, o “Partido Militar Brasileiro” – e Miguel Lombardi. As
risadas que proporcionou a estes e outros políticos também não mereceram
desculpas.
Sua eleição também foi responsável por
destinar uma gorda fatia do fundo partidário ao PR. De acordo com a base
nos dados do TSE, o partido do mensaleiro Valdemar recebeu cerca de
160 milhões de reais nos últimos seis anos (dados de 2017 não estão
disponíveis), boa parte graças aos votos dados a Tiririca em 2010 e
2014. Querendo ou não, Tiririca engordou os bolsos de políticos que “não
olham para o povo”.
Tiririca não tem Jose Genoíno como
suplente – seu partido não participou de coligações em 2014 e sua
suplente imediata é Luciana Costa, do mesmo PR – mas declarou algo muito
pior. Em entrevista ao Antagonista, afirmou que votará no líder da
quadrilha petista, Lula, por ter sido “um dos melhores presidentes que
eu vi”. Onde fica o discurso de “vamos olhar para o povo” quando se
declara voto em um criminoso que ajudou a roubar a população brasileira?
Pois é.
Tiririca é um parlamentar que gastou
quase R$ 1,3 milhão dos pagadores de impostos, ajudou um partido
controlado por um mensaleiro a receber 160 milhões de reais do fundo
partidário e declara voto no maior criminoso do país – pior, pode fazer
campanha para ele em 2018, levando mais votos para Lula. Ou seja: o
palhaço pode ser ele, mas os abestados “somos nozes”.
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