JOGADA
O governo do presidente Michel
Temer decidiu liberar mais R$ 3 bilhões a municípios em 2018 caso a
reforma da Previdência seja aprovada.
A estratégia é pressionar os prefeitos a influenciarem deputados na
Câmara para que eles votem em favor das mudanças nas regras de
aposentadoria.
Durante reunião nesta segunda-feira (4), no Palácio do Planalto,
integrantes da Casa Civil e dos ministérios da Fazenda e do Planejamento
fecharam o projeto que inclui R$ 3 bilhões extras na previsão do
Orçamento do próximo ano.
O governo estipulou que metade desse
montante deverá ser aplicado na saúde e o restante, em projetos
apresentados pelos prefeitos para a melhoria dos municípios.
O
discurso oficial é o de que a aprovação da nova Previdência vai trazer
benefícios para as contas públicas e tornará mais robusta a arrecadação
do governo, o que permitirá mais investimentos por parte da União.
Por
isso, afirmam assessores de Temer, é possível se comprometer com a
liberação de mais dinheiro mesmo com a meta fiscal de 2018 fixada em um
deficit de R$ 159 bilhões.
O objetivo é que a promessa motive os
prefeitos a pressionarem seus deputados a aprovar a medida, considerada
impopular às vésperas de um ano eleitoral.
Temer já havia
anunciado a liberação de R$ 2 bilhões em forma de Auxílio Financeiro aos
Municípios para o pagamento da folha dos servidores, repassado via FPM
(Fundo de Participação dos Municípios).
No entanto, a dificuldade
do governo em conseguir pelo menos 308 votos para aprovar a reforma na
Câmara fez com que a equipe do presidente decidisse adotar uma nova
contrapartida.
OFENSIVA
Nesta
semana, o Planalto iniciou mais uma ofensiva sobre a base aliada,
prefeitos e governadores para tentar reunir pelo menos 308 votos pela
reforma -hoje o governo não tem o apoio necessário para fazer avançar a
medida.
Em jantar na casa do presidente da Casa, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), neste domingo (3), ministros e líderes do governo apresentaram
argumentos para tentar vencer a resistência dos parlamentares e
reorganizar a base na contagem dos votos.
O ministro Dyogo
Oliveira (Planejamento), por exemplo, disse no jantar que o PIB pode
cair 2,8% em dois anos se a reforma não for aprovada.
Ainda de
acordo com o ministro, caso a nova Previdência tenha o aval do
Congresso, a taxa de desemprego do país estará entre 8% ou 9% em junho e
julho do ano que vem -hoje o índice é de cerca de 12%.
"É isso que temos que vender", disse Dyogo, segundo relatos de
participantes do jantar.Auxiliares de Temer vão analisar se o clima na
base para a votação da reforma melhorou em uma nova reunião, marcada
para esta quarta-feira (6). Só então decidirão se vão ou não pautar a
matéria ainda este ano, como desejava o Planalto.
(por Folhapress)
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