sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Trump diz que mercado pode entrar em colapso caso seja submetido a impeachment. Declaração foi feita nesta quinta-feira

EUA
 Donald Trump
 Donald Trump - AFP / Nicholas Kamm

Washington - O presidente Donald Trump afirmou em uma entrevista divulgada nesta quinta-feira que a economia americana poder entrar em colapso se ele for acusado e submetido a um julgamento político, algo que, devido ao caos que ronda a Casa Branca, poderá acontecer, segundo os analistas.

Há alguns dias, o ex-advogado do presidente, Michael Cohen, depôs ante um juiz federal que, a pedido de Trump, realizou pagamentos ilegais para silenciar mulheres que alegavam ter mantido um caso com o magnata, violando assim as leis de financiamento eleitoral.

Mas o líder republicano declarou à Fox News que uma acusação contra ele só causaria mais confusão.

"Vou dizer uma coisa, se por acaso eu for submetido a um impeachment, acho que o mercado poderá entrar em colapso. Acho que todos poderemos ficar mais pobres", advertiu o presidente no programa Fox and Friends.

Depois disso, o presidente deu uma confusa declaração sobre a criação de postos de trabalho e outros progressos econômicos que teriam sido conquistados durante seu mandato e insistiu que os americanos estariam muito pior se Hillary Clinton tivesse vencido as eleições de 2016.

"Não sei como se pode submeter a um impeachment alguém que fez um grande trabalho", acrescentou.

Trump recebeu dois duros golpes consecutivos na terça-feira quando Michael Cohen, advogado de Trump durante uma década, se declarou culpado de oito acusações e revelou que a pedido do atual presidente americano pagou pelo silêncio de duas ex-amantes do então candidato republicano em 2016.

No mesmo dia, um juri declarou culpado o ex-chefe de campanha de Trump, Paul Manafort.

O consultor político de 69 anos foi considerado culpado de oito das 18 acusações que pesavam contra ele, inclusive fraude fiscal, fraude bancária e omissão de declaração de contas bancárias no exterior.

Mas Trump parece decidido a ignorar a tormenta sobre seu governo e insiste que não fez nada de errado.

Ao subornar as mulheres - que não tiveram o nome citado, mas se tratam da estrela pornô Stormy Daniels e a modelo da Playboy Karen McDougal -, Cohen vilolou as leis americanas que regem as contribuições de campanha.

Cohen declarou-se culpado e disse que os pagamentos foram feitos "em coordenação e sob direção de um candidato à gabinete federal", em clara referência a Trump.

O presidente foi evasivo quando indagado na entrevista da Fox News se havia ordenado a Cohen que fizesse esses pagamentos, afirmando apenas que seu ex-advogado "fez os tratos" e que suas ações "não eram um delito".

"As violações de campanha não são consideradas um grande problema, francamente", queixou-se.

Depois assegurou que os pagamentos foram feitos com seu próprio dinheiro, ao qual Cohen tinha acesso. Disse ainda que na ocasião não conhecia os fatos, mas desde então tem sido completamente transparente sobre o tema.

Perdão presidencial
Apesar do tom desafiador de Trump, a analista de finanças de campanha Kate Belinski, da firma de advogados Nossaman, disse que é preciso esperar as consequências legais tanto para Trump como para sua campanha, muito provavelmente sob a forma de um processo civil ante a Comissão Federal Eleitoral.

Além das duas acusações por violar as leis de financiamento de campanha, Cohen também se declarou culpado de seis acusações de fraude.

Na entrevista à Fox, Trump criticou seu outrora aliado e disse que ele "deveria ser proscrito".

Por outro lado, elogiou Manafort por ir a julgamento, onde seu ex-chefe de campanha foi declarado culpado por oito acusações de fraude financeira.

Para Trump, Manafort merece elogios por deixar seu destino nas mãos de um júri, enquanto Cohen preferiu negociar com a promotoria.

"Uma das razões pelas quais respeito tanto Paul Manafort é porque ele passou por esse julgamento", concluiu o presidente.

(Por AFP) 

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