Donald Trump - AFP / Nicholas Kamm
Washington - O presidente Donald Trump afirmou em uma
entrevista divulgada nesta quinta-feira que a economia americana poder
entrar em colapso se ele for acusado e submetido a um julgamento
político, algo que, devido ao caos que ronda a Casa Branca, poderá
acontecer, segundo os analistas.
Há alguns dias, o ex-advogado do presidente, Michael
Cohen, depôs ante um juiz federal que, a pedido de Trump, realizou
pagamentos ilegais para silenciar mulheres que alegavam ter mantido um
caso com o magnata, violando assim as leis de financiamento eleitoral.
Mas o líder republicano declarou à Fox News que uma acusação contra ele só causaria mais confusão.
"Vou dizer uma coisa, se por acaso eu for submetido a
um impeachment, acho que o mercado poderá entrar em colapso. Acho que
todos poderemos ficar mais pobres", advertiu o presidente no programa
Fox and Friends.
Depois disso, o presidente deu uma confusa declaração
sobre a criação de postos de trabalho e outros progressos econômicos que
teriam sido conquistados durante seu mandato e insistiu que os
americanos estariam muito pior se Hillary Clinton tivesse vencido as
eleições de 2016.
"Não sei como se pode submeter a um impeachment alguém que fez um grande trabalho", acrescentou.
Trump recebeu dois duros golpes consecutivos na
terça-feira quando Michael Cohen, advogado de Trump durante uma década,
se declarou culpado de oito acusações e revelou que a pedido do atual
presidente americano pagou pelo silêncio de duas ex-amantes do então
candidato republicano em 2016.
No mesmo dia, um juri declarou culpado o ex-chefe de campanha de Trump, Paul Manafort.
O consultor político de 69 anos foi considerado culpado
de oito das 18 acusações que pesavam contra ele, inclusive fraude
fiscal, fraude bancária e omissão de declaração de contas bancárias no
exterior.
Mas Trump parece decidido a ignorar a tormenta sobre seu governo e insiste que não fez nada de errado.
Ao subornar as mulheres - que não tiveram o nome
citado, mas se tratam da estrela pornô Stormy Daniels e a modelo da
Playboy Karen McDougal -, Cohen vilolou as leis americanas que regem as
contribuições de campanha.
Cohen declarou-se culpado e disse que os pagamentos
foram feitos "em coordenação e sob direção de um candidato à gabinete
federal", em clara referência a Trump.
O presidente foi evasivo quando indagado na entrevista
da Fox News se havia ordenado a Cohen que fizesse esses pagamentos,
afirmando apenas que seu ex-advogado "fez os tratos" e que suas ações
"não eram um delito".
"As violações de campanha não são consideradas um grande problema, francamente", queixou-se.
Depois assegurou que os pagamentos foram feitos com seu
próprio dinheiro, ao qual Cohen tinha acesso. Disse ainda que na
ocasião não conhecia os fatos, mas desde então tem sido completamente
transparente sobre o tema.
Perdão presidencial
Apesar do tom desafiador de Trump, a analista de
finanças de campanha Kate Belinski, da firma de advogados Nossaman,
disse que é preciso esperar as consequências legais tanto para Trump
como para sua campanha, muito provavelmente sob a forma de um processo
civil ante a Comissão Federal Eleitoral.
Além das duas acusações por violar as leis de
financiamento de campanha, Cohen também se declarou culpado de seis
acusações de fraude.
Na entrevista à Fox, Trump criticou seu outrora aliado e disse que ele "deveria ser proscrito".
Por outro lado, elogiou Manafort por ir a julgamento,
onde seu ex-chefe de campanha foi declarado culpado por oito acusações
de fraude financeira.
Para Trump, Manafort merece elogios por deixar seu
destino nas mãos de um júri, enquanto Cohen preferiu negociar com a
promotoria.
"Uma das razões pelas quais respeito tanto Paul Manafort é porque ele passou por esse julgamento", concluiu o presidente.
(Por
AFP)
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