EX-MINISTRO
O ex-ministro Guido Mantega (Ueslei Marcelino/Reuters/VEJA/VEJA)
O juiz Luiz Antonio Bonat, da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, mandou colocar tornozeleira eletrônica no ex-ministro Guido Mantega. O monitoramento foi determinado no âmbito da Operação Carbonara Química, 63ª fase da Lava Jato,
deflagrada nesta quarta-feira, 21. A investigação mira o pagamento de
propinas a Mantega e a outro ex-ministro de Lula e Dilma, Antônio
Palocci, em troca da edição de medidas provisórias para beneficiar o
grupo Odebrecht.
A Lava Jato prendeu nesta quarta Maurício Ferro, ex-vice-presidente
Jurídico da Odebrecht e cunhado de Marcelo Odebrecht. Outro investigado,
o advogado Nilton Serson, teve prisão decretada, mas está nos Estados
Unidos. Bonat decidiu mandar colocar tornozeleira em Mantega diante do
pedido do Ministério Público Federal de prisão do ex-ministro.
“Apesar das alegações do Ministério Público Federal, entendo que,
revestida a prisão cautelar de excepcionalidade, não há causa suficiente
para a decretação da prisão preventiva de Guido Mantega”, escreveu em
sua decisão. O juiz da Lava Jato ponderou não haver risco à ordem
pública nem que o ex-ministro tenha cometido algum ato criminoso após
deixar o ministério da Fazenda em 1º de janeiro de 2015.
Segundo o magistrado, os recursos depositados no exterior, na conta
da Pappilon Company e na conta em nome do próprio Mantega foram
bloqueados. “Não há informação acerca de tentativa mais recente de
movimentação ou dissipação desses ativos. Não há, igualmente, informação
de que o acusado manteria outras contas secretas no exterior.”
O magistrado destacou o bloqueio dos saldos mantidos em contas no
exterior conhecidas pelas autoridades e ausência de informações sobre
outras contas. “O risco de fuga, pela cidadania italiana, pode ser
atenuado pela restrição de saída do país e apreensão de passaporte.”
Além da tornozeleira, Mantega terá que seguir uma série de
procedimentos impostos pelo juiz Bonat: não poderá movimentar qualquer
conta no exterior ou deixar o país, deve entregar seus passaportes
(brasileiro, italiano e todos os demais válidos) e comparecer a todos os
atos do processo e não poderá exercer cargo ou função pública. Além
disso, Mantega não poderá manter contatos com nenhum outro investigado e
está proibido de mudar de endereço sem autorização judicial.
O advogado Fábio Tofic Simantob, que defende o ex-ministro Guido
Mantega, disse que a operação é muito importante “porque vai ajudar a
provar que ele nunca recebeu um centavo da Odebrecht ou de quem quer que
seja”.
(com Estadão Conteúdo)
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