CASO MARIELLE
O porteiro Alberto Jorge Mateus: em depoimento à PF, ele agora diz que
se enganou ao envolver o nome do presidente Jair Bolsonaro no caso
Marielle (Reginaldo Teixeira/.)
Em depoimento prestado à Polícia Federal, o porteiro Alberto Jorge Mateus afirmou que se enganou ao envolver o nome do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas investigações sobre a morte da vereadora Marielle Franco
(Psol). Nos dias 7 e 9 de outubro, Alberto disse à Polícia Civil que
“seu Jair” autorizou a entrada do ex-policial militar Élcio de Queiroz,
um dos suspeitos do crime, no condomínio Vivendas da Barra, na tarde do
dia 14 de março de 2018. Marielle e o motorista Anderson Gomes foram
assassinados naquele dia. Queiroz e o policial reformado Ronnie Lessa,
também morador do Vivendas da Barra respondem pelo crime.
VEJA apurou que o depoimento do porteiro Alberto Mateus foi prestado
nesta terça-feira, 19. Ele, que está sendo assistido pela Defensoria
Pública do Rio, foi ouvido por apenas um delegado da PF, por
aproximadamente três horas. O inquérito apura “inclusão indevida” do
nome de Bolsonaro nas investigações do caso Marielle Franco e foi
instaurado a pedido do Ministério Público Federal após os dois primeiros
depoimentos de Alberto serem revelados pela TV Globo.
Localizado por VEJA em reportagem publicada no começo deste mês,
Alberto vivia na Gardênia Azul, bairro da Zona Oeste do Rio dominado
pela milícia. Após a história vir à tona, submergiu: amigos e familiares
relatam que o homem de hábitos simples passou a viver como um “animal
acuado”.
De acordo com os registros apreendidos no condomínio, Alberto
registrou que, no dia da morte de Marielle, Élcio de Queiroz iria na
casa 58 do Vivendas da Barra — a de Bolsonaro. A vinte passos dali, na
casa 66, morava o policial militar reformado Ronnie Lessa, suspeito de
ter dado os disparos que tiraram a vida de Marielle.
O então deputado federal Jair Bolsonaro, no entanto, estava em
Brasília naquele dia, como mostram registros da Câmara dos Deputados. A
PF informou que o inquérito tramita sob sigilo. Já a Defensoria Pública
do Rio confirmou o depoimento dado ontem, mas não deu detalhes sobre o
teor das falas do porteiro.
(Por Leandro Resende/Veja.com.br)
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