MUITA PRESSÃO
Durante o mês de janeiro, muitos boatos davam conta de que o tenente PM Styvenson Valentim, responsável pelas blitzen da Lei Seca no Rio Grande do Norte, seria afastado do cargo. Porém, ele “ressurgiu” na madrugada do ultimo, sábado (31), com abordagens no bairro de Capim Macio. Em entrevista a’O Jornal de Hoje, Styvenson lamentou que a falta de valorização está fazendo o trabalho ficar cada dia mais difícil.
Antes, com 14 militares, sendo dois tenentes, um cabo e 11 soldados, agora a equipe ficou reduzida a apenas 10 homens. “Quatro membros da minha equipe vieram me pedir para sair. Querem voltar ao serviço normal. Já estávamos em uma situação complicada com uma equipe reduzida; agora, vai ficar mais difícil ainda”.
Os motivos para a saída dos policiais são os mais variados, mas todos estão relacionados ao desgaste pelas constantes blitzens realizadas na capital potiguar e também, em raras oportunidades, em outras cidades.
“Quem trabalha na Operação Lei Seca não ganha nada além do salário normal. Não ganha diária, não ganha extra nenhum. O reconhecimento é zero. Claro que existe a satisfação por estarmos fazendo um grande trabalho, mas nos indispomos com vários profissionais, de vários setores. Já pensou a indisposição que é parar membros da Polícia Civil, Exército, Marinha, além de pessoas dos mais diversos escalões da
administração pública? É complicado. Chega uma hora que cansa mesmo”, disse o tenente, que afirmou que até mesmo a estrutura familiar dos policiais foram afetadas por causa das blitzen. “Um dos policiais que veio me pedir para sair relatou que, durante uma blitz, ele chegou a parar um primo. Outros pararam pessoas da família e amigos. Depois eles ficam escutando, fica um clima chato. Falei que eles estavam fazendo o trabalho deles. Falei que, mesmo sem reconhecimento e dificuldades, o nosso trabalho tem sido muito bom. Mas não teve jeito”.
Segundo Styvenson, quem ficou “feliz” com a desistência dos quatro policiais foi a própria Polícia Militar. “Minha equipe perde muito com a saída deles. Eu passo um ano treinando esses caras para eles trabalharem na Lei Seca. Eles se transformam em policiais melhores, tanto na parte operacional quanto na questão pessoal e não são corruptos. Treinei para que eles pensassem na satisfação de realizar um bom trabalho antes de pensar no dinheiro. Mas sei que a falta de valorização é complicada. É aquela coisa, se fosse fácil tinha um monte de gente querendo trabalhar no meu lugar”.
Nessa sexta-feira o tenente Styvenson voltou ao batente e comandou mais uma blitz da Lei Seca depois de passar 11 dias de férias. “Minha esposa está danada por causa disso. Não consigo tirar um mês de férias”. Na abordagem, realizada na avenida Walter Duarte, em Capim Macio, foram realizados 214 testes de bafômetro. Além dos cinco presos, 43 carteiras de habilitação foram apreendidas. Apesar dos números, o que chamou atenção foram as atitudes de alguns motoristas. “Muitos tentaram fugir da blitz. Tentaram subir nos canteiros para escapar. Fazia tempo que isso não acontecia”.
Para o tenente, essa situação foi motiva pelos boatos de que ele teria saída da Lei Seca e que por isso as blitzen teriam diminuído. “Antes de sair de férias eu fiz uma blitz em Pirangi, na saída de um show. Tivemos um número muito baixo de pessoas que estavam dirigindo depois de ingerirem álcool. Muitos estavam utilizando o “Motorista da Rodada”. Isso significa que o trabalho estava dando resultado. Mesmo que fosse o medo que estivesse mudando essa situação, nós estávamos tendo uma resposta positiva. Mas na blitz de hoje, muitos motoristas me olhavam assustando, falando que pensavam que a blitz tinha acabado, pois eu tinha saída da Lei Seca. Ou seja, o trabalho não pode parar”.
Em contato recente com o JH, a secretária de segurança do RN, Kalina Leite, desmentiu os boatos de que Styvenson seria retirado da Lei Seca. “Isso aí não existe. Essas informações que estão circulando nas redes sociais são de pessoas que querem atrapalhar o trabalho que está sendo bem feito. O tenente Styvenson vem fazendo um grande trabalho na Lei Seca e essa mudança sequer foi discutida”.
Kalina também adiantou que nos próximos meses os trabalhos da Lei Seca serão qualificados. “O nosso Governo não irá tirar nada do que vem dando certo, muito pelo contrário. Iremos qualificar ainda mais para termos melhores resultados. As blitzen da Lei Seca estão nesse meio. É um trabalho que vem dando certo e que irá ser qualificado. Vamos dar as melhores condições possíveis para conseguir trazer ainda mais resultados positivos”.
Ao saber das declarações da secretária, Styvenson disse que ainda não se reuniu com ela. “Eu voltei e já comecei a trabalhar. Já disse várias vezes que com mais investimentos os resultados serão ainda melhores. Mas enquanto isso não acontece, vamos continuar trabalhando normalmente com o que temos”.
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