A CPI do Futebol está investigando todos os contratos de
patrocínio da Chevrolet com as federações estaduais, incluindo o do
Campeonato Potiguar. Os acordos vigoraram entre 2013 e 2014, período em
que o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, era vice-presidente
da entidade.
Os documentos obtidos com
exclusividade pelo repórter Jamil Chade, do Estadão, estão sendo
analisados pela CPI, interessada em saber se Del Nero se beneficiou
destes contratos.
O primeiro contrato da empresa
ocorreu com a Federação Paulista de Futebol (FPF) na época em que Del
Nero era presidente e quando o dirigente passou a ocupar a
vice-presidência da CBF, a montadora passou a patrocinar federações
estaduais por todo o País. Entre 2013 e 2014, 22 federações tiveram
contrato com a empresa.
O Campeonato Potiguar
esteve entre os estaduais patrocinados. “Eu não tenho o juízo de valor
formado sobre a situação. O que eu posso dizer é que o valor emitido
pela federação era feito dentro de parâmetros da legalidade”, garantiu o
presidente da Federação Norte-rio-grandense de Futebol (FNF), José
Vanildo, em contato por telefone com a reportagem do NOVO.
Segundo
o dirigente, a perda do patrocínio da Chevrolet para esta temporada foi
sentida, pos representava o maior valor investido na competição. “Era o
nosso maior patrocinador e a saída da empresa foi muito ruim para nós,
penalizou principalmente os menores, os clubes do interior”, explicou.
Neste
ano, quando Del Nero assumiu a presidência da CBF, a Chevrolet passou a
patrocinar apenas a entidade nacional, que rompeu anos de parceria com a
Volkswagen. Um dos contratos com uma federação estadual, obtido pela
reportagem do Estadão, revela o compromisso da montadora de pagar R$ 320
mil em patrocínios para 2013 e outros R$ 320 mil para 2014, em um total
de R$ 640 mil em dois anos.
O que chama a atenção
dos investigadores da CPI é o valor de R$ 40 mil que seria destinado
para “ativações e ações promocionais”. No contrato, a empresa confirma
que o patrocínio é de R$ 600 mil. Mas, em uma carta-acordo de
intermediação de patrocínio, outros R$ 40 mil são adicionados. O
documento aponta que o valor deve ser passado para a SG Marketing e
Comunicação Ltda., representada por Sergio Luis de Sousa Gomes. O
montante coincide com o valor final indicado no contrato principal de
patrocínio, elevando o total para R$ 640 mil.
Pela
carta, a empresa de veículos explica que o pagamento de R$ 40 mil
ocorre “por razões operacionais internas” e ordena que a federação
estadual repasse o dinheiro da “seguinte forma”: direito de
intermediação comercial e ativação do patrocínio. E indica que a SG
Marketing é a detentora exclusiva desses direitos.
Na
avaliação da CPI, os valores citados abrem a suspeita de que a inédita
cobertura de uma mesma marca em tantas federações pode ter beneficiado
Del Nero na eleição para presidente da CBF. Ele obteve 44 dos 47 votos
possíveis (votaram as 27 federações, mais os 20 clubes da Série A do
Brasileiro). Seu mandato termina em 2019.
Na CPI,
dados levantados pelo Senado também apontariam para uma importante
evolução patrimonial de Sérgio Gomes desde que passou a ser o
intermediário desses acordos.
REQUERIMENTO
Em
17 de setembro, o senador Paulo Bauer (PSDB-SC) apresentou requerimento
para que a General Motors do Brasil, detentora da marca Chevrolet,
enviasse à CPI cópias dos contratos firmados com as federações. Alegou
ser a documentação indispensável no trabalho da comissão destinado a
“investigar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Comitê
Organizador Local da Copa do Mundo (COL), especialmente sobre as
possíveis irregularidades em contratos comerciais realizados por esses
organismos”. O requerimento, porém, ainda não foi apreciado.
Sobre
as desconfianças da CPI e sobre o que levou a empresa a estabelecer
contratos com as federações e por que não os manteve em 2015, a General
Motors respondeu que “de acordo com as políticas internas da GM, a
empresa não comenta fatos ou situações relacionadas com investigações em
curso”. (Com informações do Estadão).
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