RIO DE JANEIRO/RJ
A Justiça do Rio condenou oito policiais militares pela morte do
ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, de 42 anos, em 2013. De acordo
com o programa Fantástico, da TV Globo, a sentença da juíza Daniella
Alvarez, da 35ª Vara Criminal do Rio, condenou os policiais a penas
entre oito e 13 anos de cadeia pelos crimes de tortura seguida de morte,
ocultação de cadáver e fraude processual.
Até hoje, o corpo do
ajudante de pedreiro ainda não foi localizado, e ainda há inquéritos em
curso para apurar o envolvimento de policiais do Batalhão de Operações
Especiais (BOPE) na ocultação do corpo de Amarildo. De acordo com a
sentença, a morte do pedreiro foi orquestrada pelo Major Edson Santos,
que comandava a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Favela da
Rocinha, na zona sul do Rio. O Major foi condenado a 13 anos e sete
meses pelos três crimes.
Além dele, o subtenente Luiz Felipe de
Medeiros foi condenado a dez anos de prisão devido a sua atuação como
principal ajudante do major no crime. Os demais policiais foram
condenados pelo envolvimento na morte a penas entre oito e 11 anos de
prisão e também serão expulsos da Polícia Militar.
Outro trecho
da sentença, citado na reportagem, indica que o pedreiro foi torturado
atrás dos contêineres onde funcionava a sede da Unidade de Polícia
Pacificadora (UPP). O Major Edson teria ordenado que os policiais sem
envolvimento na ação ficassem em uma sala fechada enquanto outros
agentes realizavam interrogatório contra o pedreiro.
Segundo uma
das testemunhas ouvidas no processo, Amarildo chegou a implorar para
que não fosse torturado: "Me mata mas não faz isso comigo", teria dito o
pedreiro durante a sessão de tortura.
No processo, a juíza
Daniella Alvarez indica que os policiais esperavam que Amarildo contasse
o local onde traficantes escondiam armas e drogas na comunidade. A
magistrada ainda citou na sentença a situação de "vulnerabilidade" do
ajudante de pedreiro frente aos policiais , por ser negro e pobre e
também por viver em comunidade marginalizada na sociedade.
O
desaparecimento e morte do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza causou
comoção no País em 2013. Imagens de segurança da própria Polícia
Militar revelaram que ele foi colocado numa viatura na noite de 14 de
julho de 2013. Os policiais afirmaram que ele foi levado para
averiguação, mas nunca mais o pedreiro foi visto.
O caso se
tornou emblemático nas manifestações populares daquele ano, no Rio,
contra o abuso da polícia nas operações em favelas da cidade.
por: Antonio Pita/Estadão Conteúdo/
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