(Ricardo Stuckert/.)
A confirmar-se que o
Supremo Tribunal Federal já conta com maioria de votos para suprimir o
direito de a segunda instância da Justiça prender réus que condenou, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria a um passo de ir para
casa sem tornozeleira eletrônica e nenhum outro tipo de restrição.
O ministro Dias Toffoli
anunciou que porá em votação ainda este mês, e de uma vez só, a prisão
em segunda instância e a aprovação da tese que pode limitar os efeitos
da decisão do tribunal de anular duas sentenças da Lava Jato. A anulação
se deu em casos de réus delatados ouvidos depois de réus delatores, o
que os prejudicou.
A sentença que condenou
Lula no processo do tríplex do Guarujá, e que foi responsável por sua
prisão, ainda não transitou em julgado. Há recursos da defesa à espera
de exame nos tribunais superiores. Réu em quase uma dezena de processos,
Lula poderá ser solto e no momento seguinte devolvido à cadeia.
Mas enquanto estiver
livre voltará a influir na política brasileira para o bem ou para o mal.
Em recente entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o
ex-presidente Michel Temer admitiu que não teria havido impeachment se
Lula tivesse tomado posse como chefe da Casa Civil do governo Dilma. A
Justiça não deixou.
Resta saber que Lula
sairia da cadeia em Curitiba. Um Lula magoado, ressentido, e disposto a
reconquistar a qualquer preço o protagonismo que perdeu? Ou um Lula mais
sábio e amadurecido pela reclusão forçada, interessado em construir uma
saída negociada para a polarização política que tanto mal faz ao país?
Ao presidente Jair
Bolsonaro e à sua turma, a liberdade de Lula já não provoca medo. Eles
só sabem sobreviver à base de conflitos. Aproveitarão a oportunidade
para radicalizar o discurso e as ações às vésperas de novas eleições
municipais, e carregando o fardo de uma recuperação econômica que se
arrasta a passos de tartaruga.
(Por Ricardo Noblat/blog noblat)
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