PROEDI
Giovani Júnior, secretário
A Prefeitura de Parnamirim calcula uma perda de até R$ 5 milhões por
ano na arrecadação por causa do Programa de Estímulo ao Desenvolvimento
Industrial do Rio Grande do Norte (Proedi), criado por decreto da
governadora Fátima Bezerra. O programa, que amplia os incentivos fiscais
para a indústria, tem sido criticado por prefeitos, que cobram uma
compensação para a frustração de receitas.
De acordo com o secretário de Planejamento, Finanças, Desenvolvimento
Econômico e Turismo da Prefeitura de Parnamirim, Giovani Rodrigues
Júnior, essa perda foi estipulada com base na queda verificada até agora
em outubro – de R$ 400 mil. Se essa perda se mantiver por doze meses,
ele explica, o acumulado em um ano poderá chegar próximo dos R$ 5
milhões.
“Estamos esperando, logicamente, o fechamento deste mês para termos um valor mais preciso”, destaca o secretário.
Em todos os 167 municípios do Estado, segundo cálculos da Federação
dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn), o prejuízo deverá ser de
R$ 85 milhões por ano. Só na capital, Natal, faltarão R$ 24 milhões no
orçamento, segundo o prefeito da cidade, Álvaro Dias.
Na semana passada, 70 prefeitos anunciaram que vão processar o
Governo do Estado por causa do Proedi. Em assembleia, eles concordaram
em ir à Justiça para evitar as perdas na arrecadação. Os gestores
municipais defendem que o decreto editado pela governadora Fátima
Bezerra seja revogado ou que se estude uma compensação para as
prefeituras.
Segundo Giovani Júnior, a Prefeitura de Parnamirim ainda não decidiu
se vai judicializar a questão. “Estamos levantando informações para
tomar a decisão. Ainda não foi decidido se a gente vai judicializar.
Estamos estudando, vendo todas as questões, para que a gente tenha um
embasamento”, complementa o secretário de Finanças municipal.
Há duas semanas, o governo apresentou uma proposta de compensação –
que chegou a ser aceita pela Femurn e por um grupo de prefeitos. A
governadora prometeu destinar, até janeiro, R$ 10 milhões para que os
municípios apliquem na área da saúde. Outros R$ 10 milhões foram
prometidos para 2020. Os prefeitos, contudo, reavaliaram a proposta na
última quinta-feira, 24, e chegaram à conclusão de que a verba não
corrige as perdas financeiras.
O secretário estadual de Tributação, Carlos Eduardo Xavier, contesta a
projeção das prefeituras e diz que a estimativa é que a arrecadação
total aumente nos próximos meses – o que vai aliviar naturalmente o
caixa das prefeituras com os repasses feitos pelo Governo do Estado.
Entenda o que é o Proedi e a polêmica em torno dele
Criado por decreto da governadora Fátima Bezerra em julho, o Proedi –
substituto do antigo Proadi – foi anunciado como uma estratégia para
manter indústrias instaladas no interior do Estado e atrair novos
negócios. Pelo programa, empresas podem obter até 95% de isenção de
ICMS.
Segundo a equipe econômica do governo, o novo programa é uma forma de
manter o Rio Grande do Norte atrativo para as empresas e em pé de
igualdade com estados vizinhos, como Ceará, Paraíba e Pernambuco, que já
concedem esse mesmo incentivo fiscal.
Antes, pelo Proadi, o abatimento máximo no ICMS devido era de 75%, já
que, constitucionalmente, os 25% restantes devem ser transferidos dos
governos estaduais para as prefeituras. Como o novo programa beneficia
as empresas justamente com a isenção desta receita, que deixou de ser
repassada aos municípios, os prefeitos protestaram.
“Os prefeitos são totalmente a favor de incentivos para a indústria e
dos empregos gerados. Mas não temos condição alguma de perder os
recursos que estão sendo retirados dos municípios através de decreto,
inviabilizando as gestões municipais, inclusive nas contrapartidas de
programas e ações do próprio Governo do Estado”, diz o presidente da
Femurn, José Leonardo Cassimiro (Naldinho).
Segundo ele, a judicialização não terá o objetivo de derrubar o
programa, e sim impedir a retirada de recursos financeiros dos
municípios.
Apesar disso, os prefeitos foram à Assembleia Legislativa pedir aos
deputados estaduais que aprovem um projeto de decreto legislativo que
anula o decreto da governadora que criou o programa. O projeto, apoiado
por pelo menos onze dos 24 parlamentares, deverá ser votado na Comissão
de Constituição e Justiça da Casa na próxima terça-feira, 29. Não há
prazo para que a discussão chegue ao plenário.
A principal alegação dos deputados que defendem este decreto
legislativo é que a governadora Fátima Bezerra não poderia ter ampliado
os incentivos fiscais para a indústria por meio de decreto, e sim de
projeto de lei. O secretário de Tributação, Carlos Eduardo Xavier,
discorda desse argumento. Ele afirma que o decreto do Proedi é legal e
que outros estados já fizeram o mesmo.
O governo tem dito que não pretende rever as regras do programa.
Recuar da iniciativa representaria, segundo o secretário de Tributação, o
fim dos incentivos para a atividade industrial no Estado, já que o
governo tem autorização do Conselho Nacional de Política Fazendária
(Confaz) para aplicar as isenções apenas nos moldes previstos no decreto
do Proedi. Qualquer nova alteração teria de ser submetida ao crivo do
colegiado. Isso colocaria em risco empregos no Estado. Ele também
contesta a previsão de perdas e estima que o aumento da arrecadação
compensará o prejuízo em breve.
Em nota, o Governo do Estado disse que foi surpreendido pela decisão
dos prefeitos, já que houve um acordo no último dia 11. A gestão destaca
que o Proedi representa geração de empregos, sobretudo no interior do
Estado, e disse confiar que a Assembleia Legislativa “não colocaria em
risco toda a indústria do Estado”. Por fim, a gestão Fátima Bezerra
afirmou estar à disposição para dialogar com os prefeitos para buscar
uma solução para o impasse.
(Por:AgoraRN)
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