ANÁLISE DE PEC
Cometido contra mulheres, o feminicídio é motivado por violência doméstica ou discriminação de gênero - Marcos Santos/USP
Brasília - A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou,
nesta quarta-feira, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 75/2019,
que modifica o Artigo 5º da Constituição para determinar que o
feminicídio possa ser julgado a qualquer tempo, independentemente da
data em que foi cometido, como já ocorre com o crime de racismo. O texto
segue para votação em dois turnos no plenário.
Cometido contra
mulheres, o feminicídio é motivado por violência doméstica ou
discriminação de gênero. Atualmente o tempo de prescrição para esse tipo
de crime varia de acordo com o tempo da pena, que é diferente em cada
caso.
A proposta, de autoria da senadora Rose de Freitas
(Podemos-ES), recebeu parecer favorável do relator, Alessandro Vieira
(Cidadania-SE). A senadora ressaltou que o Congresso Nacional tem feito
sua parte, inclusive com a aprovação da Lei Maria da Penha, em 2006, e
da Lei do Feminicídio, em 2015, mas ela considera possível avançar mais.
“Propomos
que a prática dos feminicídios seja considerada imprescritível,
juntando-se ao seleto rol constitucional das mais graves formas de
violência reconhecidas pelo Estado brasileiro”, disse Rose.
Estupro
A
pedido da presidente da CCJ, Simone Tebet (MDB-MS), o relator incluiu
também o estupro na lista de crimes imprescritíveis. Simone lembrou que
uma proposta com esse objetivo (PEC 64/2016) já foi aprovada pelo Senado
e aguarda decisão da Câmara dos Deputados. “Se for aprovada a PEC do
Estupro lá [na Câmara], vamos ter duas alterações da Constituição em
cima do mesmo inciso. Um dos projetos sairia prejudicado. O do
ex-senador Jorge Viana (PT-AC) é anterior, mas o dela [Rose de Freitas]
vai ser mais amplo”, ponderou Simone, ao sugerir a emenda.
O
relator da matéria concordou que o feminicídio deve ser incluído no rol
dos crimes muito graves que têm status de imprescritíveis. Ele destacou
levantamento feito pelo Núcleo de Estudos da Violência da Universidade
de São Paulo (USP) e da Pesquisa Violência Doméstica contra a Mulher,
realizada pelo DataSenado, em parceria com o Observatório da Mulher
contra a Violência, que confirmou que os registros de feminicídio
cresceram em um ano no país.
“Precisamos comunicar aos agressores
que a violência contra as mulheres não é admissível e será severamente
punida pela ação estatal. Tornar o feminicídio imprescritível é um dos
caminhos possíveis para a dissuasão que pretendemos”, afirmou.
(Por
Agência Brasil)
Nenhum comentário:
Postar um comentário