BRASIL, POLÍTICA
DENUNCIADO -- Deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) é acusado de
corrupção e lavagem de dinheiro pela Procuradoria-Geral da
República Cristiano Mariz/VEJA
O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) nesta quinta-feira, 30, pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O parlamentar é acusado de ter recebido 65 milhões de reais em propinas de duas grandes construtoras quando exercia o cargo de senador e governador de Minas Gerais.
A denúncia feita pela PGR ao Supremo Tribunal Federal (STF) aponta
que o deputado federal recebeu 30 milhões de reais da Odebrecht e 35
milhões de reais da Andrade Gutierrez em vantagens indevidas. Em troca,
beneficiou essas companhias em obras de infraestrutura como o projeto do
Rio Madeira e as usinas hidrelétricas de Santos Antônio e Jirau.
De acordo com a acusação, Aécio camuflou o recebimento de propinas
por meio de um complexo esquema que envolvia uma contabilidade paralela,
entrega de recursos por meio de doleiros e transportadoras, uma empresa
sediada no exterior, além de pessoas intermediárias responsáveis por
ocultar o dinheiro de origem ilícita. Entre os envolvidos no esquema,
estão Dimas Toledo, ex-diretor de Furnas, e o empresário Alexandre
Accioly — que também foram denunciados pela PGR.
A investigação iniciou a partir de delações premiadas de executivos
da Odebrecht, que acusaram o deputado mineiro de fazer parte de um
esquema de corrupção. Ao longo das apurações, doleiros confirmaram o
repasse de propinas para pessoas ligadas ao parlamentar. “As provas
coligidas na investigação demonstraram a existencia de um pernicioso e
perene esquema de troca de favores, cujo epicentro é Aécio Neves,
configurando um sistema institucionalizado de corrupção”, escreve a
subprocuradora-geral da República Lindôra Maria Araújo.
Agora, o Supremo Tribunal Federal irá decidir se aceita ou rejeita a
denúncia da PGR contra Aécio Neves. O deputado já é réu em outro caso em
que é acusado de receber 2 milhões de reais em propina da JBS. O
parlamentar foi gravado clandestinamente pelo dono da companhia, Joesley
Batista, negociando pagamentos de valores.
Procurada, a defesa do deputado federal disse que “não há e nunca
houve qualquer crime por parte de Aécio Neves” e que “foi demonstrado
exaustivamente que as conclusões alcançadas pelo delegado são mentirosas
e desconectadas dos próprios relatos dos delatores e, o que é mais
grave, das próprias investigações da PF”. O advogado do parlamentar
ainda afirmou “que os próprios relatos dos delatores desmentem-se entre
si” e que “confia que o poder Judiciário promoverá a análise detida e
imparcial dos fatos e chegará à única conclusão possível: não há sequer
indício de crime por parte do deputado Aécio”.
A defesa de Alexandre Accioly afirma que “não teve acesso a eventual
denúncia apresentada em seu desfavor”, que o empresário “provou
documentalmente que não é e nunca foi um intermediário de Aécio Neves” e
que “não recebeu qualquer valor ilícito em nome de ninguém, muito menos
das empresas Odebrecht, Andrade Gutierrez ou qualquer outra”. “Essa
acusação é descabida, improcedente e fantasiosa”, dizem os advogados.
(Por:Veja.com.br)
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