sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Presidente Dilma Rousseff defende reforma política

 POSSE PRESIDENCIAL

João Domingos
Agência Estado

Brasília (AE) - A presidente Dilma Rousseff tomou posse ontem  em Brasília para o segundo mandato com um discurso que mesclou promessa de campanha, justificativa sobre o ajuste fiscal que adotará na economia e defesa da Petrobras e de uma reforma política. Nos cerca de 40 minutos de discurso no Congresso - a fala simbolicamente mais importante da cerimônia -, ela citou a palavra corrupção dez vezes. Em meio a denúncias de corrupção envolvendo a estatal que envolvem ex-diretores, empreiteiros e políticos, Dilma afirmou que, é preciso proteger a maior empresa do Brasil de “predadores internos e inimigos externos”.  Durante sua fala, Dilma foi aplaudida por 36 vezes. Miguel Rossetto, chefe da Secretaria-Geral, foi o puxador das palmas.

Dida Sampaio/AeDilma acena para a multidão a caminho do Congresso, elege a Educação como prioridade e promete construção de 3 milhões de casas populares no segundo mandatoDilma acena para a multidão a caminho do Congresso, elege a Educação como prioridade e promete construção de 3 milhões de casas populares no segundo mandato

Na parte relativa à reafirmação das promessas de campanha, a presidente anunciou um novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 3) e mais 3 milhões de casas para o Minha Casa Minha Vida, além do cumprimento da meta de construir 6 mil creches, anunciada no primeiro mandato, e não cumprida, e 2 milhões de vagas nas escolas técnicas federais. Dilma fez ainda um segundo discurso, desta vez no parlatório do Palácio do Planalto, para o público que compareceu à festa da posse - cerca de 40 mil pessoas, segundo estimativa oficial. Diante do público, Dilma reafirmou a tese de que o governo do PT mudou o Brasil”.

No primeiro mandato, slogan do governo foi “País rico é país sem miséria”. Agora, segundo Dilma, será “Brasil, pátria educadora”. “Ao bradarmos Brasil, pátria educadora, estamos dizendo que a educação será a prioridade das prioridades, mas também que devemos buscar, em todas as ações do governo, um sentido formador, uma prática cidadã, um compromisso de ética e um sentimento republicano”, disse Dilma, que terá no segundo mandato, pela primeira vez na era PT, um não petista à frente da Pasta, o ex-governador do Ceará Cid Gomes (PROS). Como previsto, Dilma prometeu que fará ajustes na economia sem arrocho. Ela defendeu o tripé econômico, que envolve ajuste fiscal, câmbio flutuante e meta de inflação. “Mais que ninguém sei que o Brasil precisa voltar a crescer. Os primeiros passos desta caminhada passam por um ajuste nas contas públicas, um aumento na poupança interna, a ampliação do investimento e a elevação da produtividade da economia”, disse, lembrando que a inflação nunca ultrapassou o teto da meta, que é de 6,5%. Durante a campanha, Dilma afirmou que se o tucano Aécio Neves vencesse a eleição, ele faria ajustes duros. O ajuste de Dilma prevê cortes em torno de R$ 100 bilhões em gastos públicos. Entre as medidas já anunciadas, está a restrição de acesso a benefícios trabalhistas.

Para tentar amenizar as críticas que tem recebido do próprio PT, a presidente afirmou que tudo será feito “com o menor sacrifício possível para a população”. Ela também disse que reafirmava o “profundo compromisso com a manutenção de todos os direitos trabalhistas e previdenciários”, embora tenha mandado nesta semana medida provisória ao Congresso cortando pensões de viúvos e fazendo maiores exigências burocráticas para o pagamento do seguro-desemprego.

A presidente aproveitou o discurso para fazer acenos políticos. Elogiou o companheirismo do vice-presidente Michel Temer (que também é presidente do PMDB), elogiou o ex-presidente José Sarney, afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o maior líder popular da História do Brasil e disse que todas as mudanças que pretende fazer terão de passar pelo Congresso. Mas Dilma, que nos discurso da vitória, em 26 de outubro, e no da diplomação, em 18 de dezembro, havia proposto diálogo à oposição, abandonou a postura. Não se referiu aos adversários nem falou em diálogo.

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