segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Chuvas animam produtores rurais do RN. Embora 17 reservatórios do estado ainda não tenham saído do volume morto, água já muda o cenário do interior.

NOVO CENÁRIO
 Açudes começam a receber água, no interior do RN, após seis anos de seca (Foto: Thiago Messias/ Inter TV Costa Branca )
  Açudes começam a receber água, no interior do RN, após seis anos de seca (Foto: Thiago Messias/ Inter TV Costa Branca ) 

Bastou as chuvas começarem a abastecer os reservatórios de água do Rio Grande do Norte para o sertanejo se encher de esperança. Embora grandes açudes e barragens ainda não tenham recebido água suficiente para sair do volume morto, o líquido que chega nas pequenas comunidades rurais já muda o cenário, após seis anos de seca. 

Na comunidade Morcego, na zona rural de Campo Grande, região Oeste potiguar, a terra está úmida e os animais já aproveitam o pasto que começa a crescer. O pequeno barreiro nos fundos da propriedade do agricultor Aldenor Rocha "tomou água", como as pessoas falam na região. A chuva foi recente, mas a água acumulada vai ser uma ajuda e tanto depois desse tempo de seca. 

"Está bom demais. É uma tranquilidade que Deus deu pra gente. É como diz a história: com chuva na terra, o homem se anima, o homem planta. Porque água é a vida para todos, pros animais, pras pessoas, pra todo mundo", diz Aldenor. 

Enquando ele cuida do gado, Paulina Linésio, mais conhecida como Nega, lida com as galinhas e a criação de porcos. A água no barreiro também facilitar a vida dela, no trabalho diário. 

"É melhora grande. Fica água mais perto para gente fazer o movimento e não tem que puxar do (açude) Morcego. Porque pra puxar água tem que pagar energia. Tendo aqui, não precisa. Fica mais barato. Água do inverno é melhor que água puxada de motor", garante. 

 Barreiros que se formam nas comunidades rurais facilitam lida dos produtores com os animais (Foto: Thiago Messias/ Inter TV Costa Branca )
  Barreiros que se formam nas comunidades rurais facilitam lida dos produtores com os animais (Foto: Thiago Messias/ Inter TV Costa Branca )

Quando o barreiro encher e transbordar, a água vai para o açude Morcego, no município de Campo Grande. O último levantamento feito pelo Igarn - Instituto de Gestação das Águas do Rio Grande do Norte - apontou que o reservatório está com 4,4% da sua capacidade. É pouco, se a gente comparar com os 6,7 milhões de metros cúbicos que ele pode armazenar, mas o cenário já renova a esperança de quem precisa do reservatório. 

Desde o começo de fevereiro, a lâmina de água subiu 22 centímetros no açude. Quem dá a boa notícia é a comerciante Aparecida Gondin, que acompanha a evolução diariamente. 

"É muito bom. É muito emocionante. Moro aqui e tenho que saber para passar para outras pessoas, que perguntam, que chegam aqui. O povo vem direto perguntar, vem se informar quanto tomou, quanto não tomou de água", conta. 

Além da comunidade Morcego, o açude beneficia outros povoamentos de Campo Grande e de municípios vizinhos. 

"Caraúbas, Janduís, essa região vem pegar água aqui, fora as outras comunidades. Porque nós vivemos numa área muito seca e o único reservatório grande de água aqui é esse e abastece todos", diz Carlos Alexandre Rocha, que é presidente da Associação de Moradores de Morcego. 

 Açudes registram aumento no volume de água, segundo registra o Igarn (Foto: Thiago Messias/ Inter TV Costa Branca )
 Açudes registram aumento no volume de água, segundo registra o Igarn (Foto: Thiago Messias/ Inter TV Costa Branca )

A chuva de fevereiro também interferiu, ainda que pouco, em outros reservatórios do estado. Entre 9 e 14 de fevereiro, a barragem Armando Ribeiro Gonçalves, a maior do estado, aumento em seis cetímetros a lâmina de água. No açude Passagem das Traíras, no Seridó, foram 21 centímetros. 

Quem frequenta a barragem de Umari, em Upanema, também percebeu uma mudança. A água do reservatório é usada para pesca e para irrigação de plantações, ao longo do curso do rio Umari. Atualmente, a barragem conta com 13,65% da capacidade total de água. 

A chuva ainda que tímida animou o pescador Rivaldo Santos, que foi de Caicó até lá pegar peixes para levar para o açude Itans. 

"O Itans secou e a gente está botando peixe para recuperar outra peixada. Porque secou, não ficou nada. Agora tem uma faixa de um metro d'água lá, ai a gente está pegando um peixinho pra botar lá de novo, pra recuperar, se Deus quiser", ressalta. 

 (Por Hugo Andrade, Inter TV Costa Branca)

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