Bastou as chuvas começarem a abastecer os reservatórios de água do Rio
Grande do Norte para o sertanejo se encher de esperança. Embora grandes açudes e barragens ainda não tenham recebido água suficiente para sair do volume morto, o líquido que chega nas pequenas comunidades rurais já muda o cenário, após seis anos de seca.
Na comunidade Morcego, na zona rural de Campo Grande, região Oeste
potiguar, a terra está úmida e os animais já aproveitam o pasto que
começa a crescer. O pequeno barreiro nos fundos da propriedade do
agricultor Aldenor Rocha "tomou água", como as pessoas falam na região. A
chuva foi recente, mas a água acumulada vai ser uma ajuda e tanto
depois desse tempo de seca.
"Está bom demais. É uma tranquilidade que Deus deu pra gente. É como
diz a história: com chuva na terra, o homem se anima, o homem planta.
Porque água é a vida para todos, pros animais, pras pessoas, pra todo
mundo", diz Aldenor.
Enquando ele cuida do gado, Paulina Linésio, mais conhecida como Nega,
lida com as galinhas e a criação de porcos. A água no barreiro também
facilitar a vida dela, no trabalho diário.
"É melhora grande. Fica água mais perto para gente fazer o movimento e
não tem que puxar do (açude) Morcego. Porque pra puxar água tem que
pagar energia. Tendo aqui, não precisa. Fica mais barato. Água do
inverno é melhor que água puxada de motor", garante.
Quando o barreiro encher e transbordar, a água vai para o açude
Morcego, no município de Campo Grande. O último levantamento feito pelo
Igarn - Instituto de Gestação das Águas do Rio Grande do Norte - apontou
que o reservatório está com 4,4% da sua capacidade. É pouco, se a gente
comparar com os 6,7 milhões de metros cúbicos que ele pode armazenar,
mas o cenário já renova a esperança de quem precisa do reservatório.
Desde o começo de fevereiro, a lâmina de água subiu 22 centímetros no
açude. Quem dá a boa notícia é a comerciante Aparecida Gondin, que
acompanha a evolução diariamente.
"É muito bom. É muito emocionante. Moro aqui e tenho que saber para
passar para outras pessoas, que perguntam, que chegam aqui. O povo vem
direto perguntar, vem se informar quanto tomou, quanto não tomou de
água", conta.
Além da comunidade Morcego, o açude beneficia outros povoamentos de Campo Grande e de municípios vizinhos.
"Caraúbas, Janduís, essa região vem pegar água aqui, fora as outras
comunidades. Porque nós vivemos numa área muito seca e o único
reservatório grande de água aqui é esse e abastece todos", diz Carlos
Alexandre Rocha, que é presidente da Associação de Moradores de Morcego.
A chuva de fevereiro também interferiu, ainda que pouco, em outros
reservatórios do estado. Entre 9 e 14 de fevereiro, a barragem Armando
Ribeiro Gonçalves, a maior do estado, aumento em seis cetímetros a
lâmina de água. No açude Passagem das Traíras, no Seridó, foram 21
centímetros.
Quem frequenta a barragem de Umari, em Upanema, também percebeu uma
mudança. A água do reservatório é usada para pesca e para irrigação de
plantações, ao longo do curso do rio Umari. Atualmente, a barragem conta
com 13,65% da capacidade total de água.
A chuva ainda que tímida animou o pescador Rivaldo Santos, que foi de Caicó até lá pegar peixes para levar para o açude Itans.
"O Itans secou e a gente está botando peixe para recuperar outra
peixada. Porque secou, não ficou nada. Agora tem uma faixa de um metro
d'água lá, ai a gente está pegando um peixinho pra botar lá de novo, pra
recuperar, se Deus quiser", ressalta.
(Por Hugo Andrade, Inter TV Costa Branca)
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