ELEIÇÕES 2018
Henrique Meirelles, ministro da Fazenda
Um dia após crescerem os rumores sobre uma eventual candidatura de
Michel Temer a um segundo mandato, o ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, admitiu nesta quinta-feira, 22, que pode disputar o Palácio
do Planalto contra o presidente. Pela primeira vez, Meirelles afirmou
que nem mesmo a entrada de Temer no páreo inibiria sua intenção de
concorrer à eleição de outubro.
Um dia após crescerem os rumores
sobre uma eventual candidatura de Michel Temer a um segundo mandato, o
ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu nesta quinta-feira, 22,
que pode disputar o Palácio do Planalto contra o presidente. Pela
primeira vez, Meirelles afirmou que nem mesmo a entrada de Temer no
páreo inibiria sua intenção de concorrer à eleição de outubro.
Até
agora, porém, o titular da Fazenda enfrenta dificuldades para pôr seu
projeto eleitoral de pé. O PSD, partido ao qual é filiado, articula
apoio ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). A negociação
inclui a vaga de vice na provável chapa liderada pelo prefeito João
Doria (PSDB) ao governo paulista. Nesse caso, o ministro de Ciência,
Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab, chefe do PSD, reforçaria a
dobradinha com Doria.
Diante do “abandono” do PSD, Meirelles
passou a conversar com o MDB de Temer e partidos menores, como o PRB,
que também flerta com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) –
outro pré-candidato ao Planalto no espectro de centro. Dirigentes do MDB
afirmam que a migração de Meirelles para a sigla é considerada, mas
nada está fechado. O ministro tem dito que não aceitará ser vice. Ele
pode mudar de partido até 7 de abril e, se decidir mesmo disputar a
Presidência, terá de sair da Fazenda até essa data.
“Ainda não
parei para tomar a decisão. Não acho razoável um ministro de Estado já
em campanha”, argumentou Meirelles. “Tenho que analisar a viabilidade
político-partidária para avaliar a disposição de concorrer.”
Antes,
em entrevista à Rádio Itatiaia, de Minas, o titular da Fazenda disse
estar “contemplando” o cenário, com a possibilidade de entrar na corrida
presidencial. Questionado se aceitaria continuar no comando da economia
se for indicado para o mesmo cargo pelo próximo governante, em 2019,
Meirelles foi mais enfático sobre seus planos eleitorais. “Acho que a
etapa como ministro da Fazenda é uma etapa cumprida. Estamos agora
contemplando essa nova etapa de uma possível candidatura à Presidência.”
No
Planalto, as declarações de Meirelles foram interpretadas como
tentativa de forçar uma decisão por parte do presidente. Em entrevista à
colunista do Estadão Eliane Cantanhêde, publicada em janeiro, Temer
elogiou “a inteligência e a capacidade política” do ministro, mas disse
preferir que ele ficasse na direção da economia.
O núcleo político
do governo defende a candidatura de Temer, ancorada pelo mote da
intervenção na segurança do Rio, mas avalia que o “lançamento” prematuro
do seu nome, por parte do marqueteiro Elsinho Mouco, não só causou
desgaste como pode ter dado a impressão de que a medida foi eleitoreira.
O presidente não quer antecipar a campanha para não ser ainda mais
criticado. Dono de alta impopularidade, ele pretende anunciar se será ou
não candidato apenas no fim de maio ou em junho.
Previdência.
O problema é que, diferentemente de Temer, Meirelles precisa deixar o
cargo até o início de abril, se quiser concorrer ao Planalto. Nos
bastidores, interlocutores do ministro dizem que, com o fracasso da
reforma da Previdência, ele ficou sem sua principal bandeira: o ajuste
das contas públicas. Além disso, no melhor dos cenários, se Maia e o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não forem candidatos,
Meirelles não passa de 2% das intenções de voto, segundo pesquisa
Datafolha do fim de janeiro. No mesmo levantamento, Temer aparece com 1%
e o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) tem de 16% a 20% das preferências.
“Meu
histórico me dá condição de postular a candidatura. Não há dúvida de
que estou pensando nisso”, comentou Meirelles, em entrevista à rádio
CBN. Na lista das condições para entrar no páreo, ele citou a estrutura
partidária, o tempo de TV e a avaliação de pesquisas qualitativas sobre o
perfil de candidato desejado pelos eleitores. O maior tempo na
propaganda política é do MDB de Temer.
A candidatura do
presidente, porém, enfrenta resistências até no MDB. A avaliação é de
que, caso o partido tenha concorrente próprio nessa disputa, sobrará
menos dinheiro do fundo eleitoral para ser distribuído aos candidatos a
deputado. Alguns parlamentares, no entanto, veem com bons olhos o nome
de Meirelles por acreditar que ele teria como financiar a maior parte da
campanha.
A movimentação política de Meirelles começou a aumentar
no primeiro semestre de 2017. Em junho, ele abriu conta no Twitter, na
qual passou a postar notícias sobre resultados positivos da economia, e
contratou o marqueteiro Fábio Veiga, da agência Neovox, para cuidar de
sua imagem. No segundo semestre, iniciou maratona de entrevistas a
rádios e visitou igrejas evangélicas. Para ele, a viabilidade de sua
candidatura está atrelada ao crescimento, à recuperação do emprego e a
um estado de “bem-estar social”.
(Estadão)
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