INICIATIVA
MST divulgou nota desmentindo a acusação do MBL, chamando-a de “fake news”
O deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) apresentou um projeto que visa
classificar o Movimento dos Sem Terra (MST) e o Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto (MTST) como grupos terroristas. O projeto,
apresentado no início de fevereiro e entregue ao plenário da Câmara
ontem (quarta, 21), altera o artigo 2º da Lei 13.260/16, conhecida como
Lei Antiterrorismo. A lei foi sancionada em março de 2016, a poucos
meses da realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro.
Goergen
afirmou ao Congresso em Foco que há outro projeto que também trata de
alterações na lei, mas sua proposta visa coibir atos que “ultrapassam o
limite Constitucional”. “Ele [o outro projeto] não trata da forma como
eu trato. Ele tenta transformar em ato terrorista e aumentar pena para
manifestações. Eu não tenho nenhum problema em relação a manifestações”,
afirmou o deputado.
O deputado disse que é preciso “colocar um
limite” nas ações dos movimentos que lutam por terra, e afirma que as
organizações sociais agem como grupos terroristas e podem ameaçar vidas.
O deputado citou um episódio em que o MST foi acusado de invadir e
depredar uma fazenda. A invasão e a depredação citadas pelo deputado
teriam acontecido no início de novembro do ano passado. O Movimento
Brasil Livre (MBL) divulgou, no Facebook, imagens de um galpão
incendiado e de destruição de parte das fazendas Igarashi e Curitiba,
localizadas em Correntina, no interior da Bahia, afirmando que o
movimento destruiu “fazenda produtiva, referência em tecnologia”.
O
MST divulgou nota desmentindo a acusação do MBL, chamando-a de “fake
news” e afirmando que apesar de as manchetes de veículos de comunicação
apontarem o movimento como participante da ação, não houve envolvimento
na mobilização. “Mesmo assim, reiteramos que apoiamos as ações de
denúncia ao agronegócio, principalmente quando existe um processo de
privatização de recursos naturais e investimentos antipopulares, que
neste caso, afeta diretamente as comunidades camponesas localizadas nas
proximidades das fazendas. Segundo relatos, o projeto de irrigação da
Igarashi e Curitiba estão secando os rios Carinhanha, Corrente e Grande,
além de provocar queda de energia na região”, afirmou o MST naquela
ocasião.
O projeto
A proposta do deputado
acrescenta mais um parágrafo ao artigo da lei sob a justificativa de que
é necessário promover a evolução da lei antiterrorismo “a fim de se
colocar um paradeiro no clima de guerrilha que, não raro, instala-se em
nosso território”. O artigo que o gaúcho pretende alterar define a
interpretação do que é terrorismo e quais atos são enquadrados como tal,
prevendo pena de 12 a 30 anos de reclusão, além das penas aplicadas à
ameaça e violência (veja mais abaixo o que a lei define como atos
terroristas).
O projeto de Goergen faz uma espécie de emenda ao
parágrafo 2º da lei, que não aplica os atos de terrorismo manifestações
políticas ou de movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou
de categoria profissional que tenham “propósitos sociais ou
reivindicatórios” para defender direitos, liberdades e garantias
previstas na Constituição. O acréscimo sugerido pelo deputado determina
que o parágrafo “não se aplica à hipótese de abuso do direito de
articulação de movimentos sociais, destinado a dissimular a natureza dos
atos de terrorismo, como os que envolvem a ocupação de imóveis urbanos
ou rurais, com a finalidade de provocar terror social ou generalizado”.
(Fonte: Congresso em Foco)
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