A morte de Bernardo Boldrini completa quatro anos nesta quarta-feira (4). Segundo o Ministério Público (MP), aos 11 anos, o menino foi morto pela madrasta, a ex-enfermeira Graciele Ugulini, com a participação do pai, o médico Leandro Boldrini, e dos irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz, em quatro de abril de 2014.
Graciele obrigou a criança a ingerir alta dose de medicamentos, o que teria provocado sua morte. O corpo de Bernardo foi encontrado 10 dias depois, numa cova, no interior de Frederico Westphalen. Os réus estão presos desde 2014. Dezenas de recursos foram movidos pelas defesas junto ao Tribunal de Justiça (TJ) e tribunais superiores e nenhum conseguiu tirar os quatro da cadeia.
Boldrini está na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas. O médico exerce atividades laborais, como limpeza e ajuda na cozinha.
Graciele e Edelvânia estão no Presídio
Estadual Feminino Madre Pelletier, em Porto Alegre, em celas com outras
presas que cometeram crimes semelhantes. Graciele ajuda a recolher o
lixo de toda a casa prisional. Já Edelvânia é responsável pela limpeza
de um dos pátios.
Evandro, que está preso no Presídio Estadual de Três Passos, ajuda na limpeza e a fazer a comida dos presos.
Linha do tempo
Em 4 de abril de 2014, Bernardo é morto. Dez
dias depois, o corpo do menino é encontrado numa cova, no interior de
Frederico Westphalen. Um dia depois, Graciele, Boldrini e Edelvânia são
presos.
Em maio do mesmo ano, Evandro também é
preso. Seis dias depois, Graciele, Boldrini e Edelvânia são denunciados
por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego
de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima). Os três e mais
Evandro são denunciados, também, por ocultação de cadáver. Boldrini
responde por falsidade ideológica.
Em agosto de 2015, o juiz Marcos Agostini decide que os réus devem ser julgados pelo Tribunal do Júri.
Em outubro de 2016, o 1° Grupo Criminal do TJ mantém a sentença de pronúncia.
Em abril de 2017, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) nega recurso de Boldrini, mantendo o júri.
Em março deste ano, a Justiça nega
pedido de prisão domiciliar de Graciele. A defesa havia usado como base
recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que manda soltar
presas grávidas e mães de crianças. Ela tem uma filha de cinco anos, mas
se enquadra nas exceções que constam na decisão do STF.
Fase atual do processo
O processo aguarda data para realização
do júri. Por meio da assessoria de imprensa do TJ, a magistrada que está
responsável pela ação disse que prefere não se manifestar. Sucilene
Engler Werle é a quarta magistrada a conduzir o processo. Agostini,
Vivian Feliciano e Dezorzi pediram transferência da comarca de Três
Passos.
O MP e os advogados dos réus já
apresentaram as listas de testemunhas e as provas que pretendem produzir
em plenário. A expectativa de quem acompanha o processo é de que o júri
esteja próximo, podendo acontecer até a metade do ano. Vinte a nove testemunhas foram arroladas: o
MP indicou cinco; a defesa de Boldrini, 12 nomes; a de Graciele,
quatro; a de Edelvânia concordou com o rol do MP e não indicou nomes; e a
de Evandro, oito.
Nesta terça-feira (3), a juíza Sucilene
apreciou os últimos pedidos das partes antes de marcar o julgamento. Foi
negado pedido da defesa do médico Leandro Boldrini para fazer a cisão
do processo. Já o pedido dos advogados do médico para que as testemunhas
não tenham qualquer comunicação externa, não tendo acesso a aparelhos
com sinal de internet, rádio e televisão, no dia do julgamento, foi
acatado.
A juíza aceitou, ainda, pedido dos
advogados de Boldrini para juntar ao processo o inquérito policial que
investigou a morte da mãe do menino Bernardo, Odilaine Uglione, que foi
encontrada sem vida no consultório do médico, em 2010. Na época, a
polícia concluiu o caso como suicídio, o que foi confirmado em março de
2016, após reabertura do inquérito.
O que dizem as partes:
Ministério Público
O promotor Bruno Bonamente preferiu não dar entrevista. Uma nota foi enviada à reportagem de GaúchaZh:
“Após o oferecimento da denúncia pelo
MP, foi feita toda a instrução da primeira fase do rito do Júri, e, após
os recursos, o processo voltou ao primeiro grau, quando se iniciaram os
trâmites para submeter os quatro réus ao julgamento. Tanto acusação
como defesa já apresentaram as testemunhas a serem ouvidas e as provas
que entendem ser necessárias para apresentação em plenário, o que
aguarda análise do juízo. Desde o início das investigações, todos os
réus permaneceram presos e o MP tem aplicado esforços para que essa
situação permaneça, tanto que a Promotoria de Justiça conseguiu junto ao
Judiciário a manutenção da prisão da ré Graciele no último mês. A
perspectiva e o interesse do MP é que todos sejam condenados na estrita
observância da decisão de pronúncia com penas máximas, dada a gravidade e
brutalidade pelas quais o crime foi cometido.”
Leandro Boldrini
Graciele Ugulini
Edelvânia Wirganovicz
Evandro Wirganovicz
O advogado Hélio Sauer preferiu não adiantar os argumentos que usará
em plenário. Ele voltou a dizer que Evandro não teve qualquer
participação no crime.
(Fonte: gauchazh.clicrbs.com.br)
(Fonte: gauchazh.clicrbs.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário