domingo, 25 de novembro de 2018

México e EUA entram em acordo sobre caravana de migrantes. Futura ministra mexicana diz que está em contato com governo americano para abrigar migrantes enquanto aguardam resposta de asilo nos EUA

MIGRANTES
 
 Migrantes da América Central acampam próximos da fronteira entre o México e os Estados Unidos, na cidade de Tijuana - 22/11/2018 (Hannah McKay/Reuters)

O futuro governo mexicano informou neste sábado, 24, ter chegado a um acordo com a administração americana para permitir que os solicitantes de asilo permaneçam no México enquanto se examina seu pedido para ingressar nos Estados Unidos, o que representaria uma importante vitória para Donald Trump.

“Por enquanto, chegamos a um acordo sobre esta política”, disse ao jornal The Washington Post Olga Sánchez Cordero, que será a ministra do Interior do futuro governo mexicano que assume o mandato em 1° de dezembro.

O acordo é alcançado depois de Trump manifestar sua indignação pela presença de milhares de migrantes centro-americanos que, fugindo da pobreza e da violência de seus países, cruzaram para o lado mexicano da fronteira com a esperança de entrar nos Estados Unidos.

Trump, que reuniu milhares de soldados na fronteira com o México, ameaçou fechá-la completamente se a situação piorasse.

A ministra, citada em um artigo do jornal, evocou uma “solução de curto prazo”, mas “a solução a médio e longo prazos é que as pessoas deixem de migrar”, acrescentou.

“O México tem os braços abertos e tudo o necessário, mas imagine, caravana após caravana, seria um problema para nós também”, destacou.

Nada foi assinado

Em declaração divulgada no sábado de Guadalajara, onde assiste à Feira do Livro, a ministra indicada esclareceu que por enquanto “não existe nenhum acordo” e, sem desmentir o conteúdo do artigo, lembrou que o presidente Andrés Manuel López Obrador “iniciará seu mandato em 1º de dezembro”.

Cinco mil migrantes, a maioria hondurenhos, esperam confinados em um albergue na cidade mexicana de Tijuana, após uma viagem exaustiva. Carolina Flores, hondurenha de 38 anos, lamenta a visão do presidente americano. “Ele não é como outros presidentes, acessível com os migrantes. Ele é fechado”, queixa-se. “Nos vê como um bicho que vai corroer aquilo lá. Nós viemos atrás de uma oportunidade.”

Segundo o The Washington Post, não foi assinado nenhum acordo formal, mas as autoridades americanas veem o acordo como um avanço potencial para desestimular a migração.

Os oficiais de asilo dos Estados Unidos vão começar a implementar os novos procedimentos nos próximos dias e semanas, segundo funcionários da Segurança Nacional, citados pelo jornal.

Os solicitantes de asilo vão receber uma avaliação inicial para determinar se enfrentam um risco iminente ao permanecer no México, onde a violência é generalizada.

Sob o novo sistema, os funcionários americanos serão capazes de processar ao menos o dobro de solicitações de asilo porque não estarão limitadas pelo espaço de detenção nos pontos de entrada aos Estados Unidos, assegurou a publicação.

Recrutando migrantes

Orlinda Morales, hondurenha de 31 anos, recebeu a notícia com otimismo em Tijuana: “Acho ótimo porque não vamos mais ter que ficar na geladeira. Arranjaremos trabalho aqui até conseguirmos o processo para entrar nos Estados Unidos”, disse.

As autoridades mexicanas instalaram recentemente uma “feira do emprego” em Tijuana especialmente para os integrantes da caravana, com o objetivo de integrá-los à próspera indústria manufatureira da cidade fronteiriça.

Representantes de empresas estão recrutando os migrantes, que obterão um visto humanitário que lhes permitirá trabalhar legalmente no México e ter acesso à previdência social.

Segundo o Washington Post, uma das regras do acordo é que os solicitantes que tenham negado o pedido não possam voltar ao México, mas permanecerão sob a custódia dos Estados Unidos até que sejam deportados ao seu país de origem.

A publicação indica que o acordo se concretizou na semana passada, em Houston, durante uma reunião entre Marcelo Ebrard, futuro ministro das Relações Exteriores do México, e funcionários americanos, inclusive a secretária de Segurança Nacional, Kirstjen Nielsen, e o secretário de Estado, Mike Pompeo.


 (Por AFP)

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