VIOLÊNCIA EM ALCAÇUZ
Presos de Alcaçuz estariam sendo vítimas de violência com práticas de
torturas semelhantes as realizadas no presídio de Abu Ghraib, no Iraque.
Presos da Penitenciária de Alcaçuz, em Nísia Floresta, na Grande Natal,
estão sendo vítimas de violência física e psicológica, é o que aponta o
“Relatório de Monitoramento de Recomendações” do Mecanismo e Comitê
Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, que será apresentado à
imprensa nesta quarta-feira (28), em Brasília.
O relatório aponta ainda que o presídio do Rio Grande do Norte está
sendo comparado a Abu Ghraib, penitenciária iraquiana que foi centro de
tortura durante o regime de Saddam Hussein e teve repercussão mundial
com escândalo após divulgação de imagens de presos sendo humilhados e
torturados por soldados americanos em 2004.
A comparação com o presídio do Iraque se dá justamente porque as
violências físicas e psicológicas cometidas contra os apenados tem
“seríssimas semelhanças” às sofridas pelos detentos iraquianos.
O documento foi elaborado por uma missão composta por membros do
Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT) e do Comitê
Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT). Ambos são órgãos da
União que atuam de forma independente, mas que funcionam em conjunto com
o Ministério dos Direitos Humanos.
O texto traz relatos de casos de humilhação coletiva, desnudamentos,
maus-tratos e constrangimentos de mulheres grávidas e crianças parentes
de presos. Também há denúncias de agressões extremas, como
espancamentos, dedos fraturados e até desmaios causados por enforcamento
com cassetete.
Além do presídio de Alcaçuz, no RN, o relatório também aponta as
penitenciárias de Boa Vista e Manaus. Segundo o estudo, essas duas
unidades prisionais também convivem com uma rotina de violações distante
de representar o efetivo controle e a adequada assistência do Estado
aos apenados.
Relatório aponta também que os Estados cumpriram menos de 5% das 185
recomendações feitas visando a melhorar a estrutura das cadeias,
garantir direitos dos presos e investigar devidamente a responsabilidade
dos massacres, reparando os parentes das vítimas.
Os peritos, que voltaram a visitar os presídios logo após as mortes e
neste ano, constataram diversos problemas. Dizem os peritos que a rotina
de revistas em Alcaçuz expõe os detentos à nudez.
Além disso, nos casos do Rio Grande do Norte e de Roraima há pessoas
consideradas desaparecidas, pois estavam no presídio no momento dos
massacres, mas não foram dadas como mortas nem consideradas foragidas.
São 15 pessoas nessas condições em Alcaçuz, mas o número pode subir para
32, pois para outros 17 o Estado não explica os elementos que o levou a
considerá-los foragidos. Em Roraima, são sete pessoas.
A Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), do RN, disse não ter tido
acesso ao relatório e decidiu não comentar a situação. A reportagem não
obteve retorno para as questões feitas para o governo de Roraima. A
reportagem também solicitou entrevista com o ministro Raul Jungmann, da
Segurança Pública, mas não houve resposta da pasta.
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