
Religiosos americanos são acusados de crimes de pedofilia (Muhammad Hamed/Reuters)
Cerca de 395 padres e funcionários de igrejas católicas do Estado de Illinois, nos Estados Unidos,
foram acusados de abusar sexualmente de menores de idade, de acordo com
um relatório apresentado, nesta quarta-feira 20, por advogados que
representaram vítimas e que desejam revelar “identidades e informações
escondidas por bispos”.
Em entrevista coletiva, o advogado Mark
Pearlman disse que essa é a primeira vez em que uma lista tão completa
foi elaborada. O documento tem 185 páginas e contém antecedentes e
histórico de trabalho dos acusados.
As informações foram extraídas dos dados
preliminares de uma investigação realizada no ano passado pela então
procuradora-geral de Illinois, Lisa Madigan, que analisou 690 denúncias
“críveis” nas arquidiocese de Chicago e nas dioceses de Belleville,
Joliet, Peoria, Rockfort e Springfield, todas em Illinois. A
investigação comprovou que o problema dos abusos cometidos por padres
era “muito mais extenso” do que o reportado pelas dioceses de Illinois,
que “desprezaram e não averiguaram denúncias de sobreviventes”, afirmou
Pearlman.
“Os dados revelam a horrorosa escala dos sacerdotes que atacam
sexualmente menores até os dias de hoje”, diz o relatório, intitulado
The Anderson Report.
“Talvez a mais impactante das descobertas
tenha sido que alguns autores (dos abusos) foram transferidos
intencionalmente e mantidos em postos de confiança com fácil acesso a
menores, mesmo depois de ser descoberto que abusavam sexualmente deles”,
acrescenta.
O relatório afirma que podem existir
centenas de outros supostos abusadores nas dioceses e ordens religiosas
de Illinois, cujas identidades nunca foram reveladas publicamente, e por
isso o trabalho por informação e nomes continuará.
Em uma declaração sobre o relatório, a
Arquidiocese de Chicago afirmou que ele mistura nomes de pessoas que
foram acusadas, mas podem ser inocentes, com nomes de pessoas que
tiveram as acusações confirmadas, referindo-se assim a todos como
autores.
Na lista divulgada hoje estão 22 padres
que apareciam no site da arquidiocese, sendo que 20 foram denunciados às
autoridades civis, o nome de outro foi divulgado recentemente e o
último caso corresponde a um suposto abuso cometido com um maior de
idade.
De acordo com a Arquidiocese de Chicago,
muitos nomes que aparecem na lista correspondem a sacerdotes de outras
ordens religiosas, que ela ressalta serem gerenciadas de maneira
separada na Igreja Católica, e cada grupo é responsável por sua própria
cadeia de comando.
John O’Malley, assessor especial da
Arquidiocese de Chicago sobre problemas de conduta indevida, disse hoje
que a Igreja informou todas as denúncias à polícia desde 1992, quando o
então cardeal Joseph Bernardin coordenou uma comissão sobre o escândalo
dos abusos.
“Se as autoridades públicas decidem não
processar, ou não podem processar, então temos o nosso próprio processo
de investigação”, disse.
Segundo o assessor, a Arquidiocese publica as denúncias registradas e a descrição dos casos desde 2006 em seu site.
O sucessor de Madigan à frente da
Procuradoria-Geral, Kwame Raoul, declarou antes de assumir o cargo, em
janeiro, que se comprometia a continuar a investigação, mas seu
escritório não divulgou mais informações sobre denúncias desde então.
(Por
EFE)
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