BRASIL, POLÍTICA
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse que a
celebração do dia 31 de março de 1964 deve ter um tom de “muita
conciliação”.
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse nesta
quarta-feira (27) que a celebração do dia 31 de março de 1964 deve ter
um tom de “muita conciliação”. A data marca o início da intervenção
militar que derrubou o então presidente João Goulart e instalou um
regime de governo controlado pelas Forças Armadas, que durou 21 anos
(1964-1985), período sem eleições diretas para presidente da República
no país.
“O que vai ser feito em termos de ordem do dia vai ser algo muito
conciliador, colocando que as Forças Armadas combateram o nazi-fascismo,
combateram o comunismo e isso é passado, faz parte da história”,
afirmou pouco antes de deixar o Palácio do Planalto.
Em seguida, Mourão acrescentou que: “Acho que, no futuro, vai ser
visto que o 31 de março foi o ápice das intervenções militares durante a
história da República. Se vocês olharem, os generais de 1964 eram os
tenentes de 1922. Isso tudo vai ter que ser analisado, o contexto da
Guerra Fria, guerra tem excesso, essas coisas todas são sobejamente
sabidas”.
Palestras
O vice-presidente revelou que, nos quartéis, devem ocorrer palestras
que abordem “o que ocorreu em 1964”, além de homenagens aos militares
mortos.
Questionado sobre ações do Ministério Público Federal (MPF) e de
parentes de mortos durante o regime militar, que pretendem proibir
celebrações do dia 31 de março de 1964, Mourão lembrou o país vivem em
um estado democrático de direito e que há liberdade para as pessoas
exporem suas opiniões. “A gente tem liberdade para todo mundo expor as
suas opiniões e visões, desde que a gente não agrida os demais”, disse.
O vice-presidente ainda acrescentou que “houve vítimas de ambos os
lados”, citando a morte de militares e opositores do regime ao longo de
duas décadas. Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro disse que, em sua
opinião, não teria havido ditadura no Brasil.
Articulação
Em relação à articulação em torno da proposta da reforma da
Previdência, Mourão elogiou o presidente da Câmara dos Deputados,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), e minimizou eventuais desgastes na relação entre o
Legislativo e o governo federal.
“Eu julgo que o deputado Rodrigo Maia é imprescindível no processo
que estamos vivendo no Brasil, pelo papel que ele tem dentro da Câmara
dos Deputados. Ruídos ocorrem”, afirmou.
Ordem do Dia
O Ministério da Defesa publicou nesta quarta-feira (27) a mensagem
alusiva ao 31 de março de 1964 que deverá ser lida nas unidades
militares. A ordem do dia é assinado pelo ministro da Defesa, Fernando
Azevedo e Silva, e pelos comandantes da Marinha, Ilques Barbosa Júnior,
do Exército, Edson Leal Pujol, e da Aeronáutica, Antonio Bermudez.
O texto faz uma breve retrospectiva de fatos que levaram os militares
ao poder naquele ano. “Enxergar o Brasil daquela época em perspectiva
histórica nos oferece a oportunidade de constatar a verdade e,
principalmente, de exercitar o maior ativo humano – a capacidade de
aprender”, diz a mensagem.
Segundo a ordem do dia, o país caminhava para um “cenário de graves
convulsões”, em direção “ao totalitarismo”. Diante desse quadro, as
Forças Armadas “assumiram o papel de estabilização daquele processo”. A
mensagem cita o processo de anistia e a abertura política a partir de
1979.
“Cinquenta e cinco anos passados, a Marinha, o Exército e a
Aeronáutica reconhecem o papel desempenhado por aqueles que, ao se
depararem com os desafios próprios da época, agiram conforme os anseios
da Nação Brasileira”, diz a mensagem. As Forças Armadas “reafirmam o
compromisso com a liberdade e a democracia, pelas quais têm lutado ao
longo da História”.
(FONTEAgência Brasil)
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