
Um ofício do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes pedindo “providências” em relação a declarações do senador Jorge Kajuru (PSB-GO) teve repercussão negativa no Plenário do Senado nesta terça-feira (19). Vários senadores se solidarizaram com Kajuru, que voltou a criticar o ministro do Supremo e classificou o ofício como um “atestado de idoneidade”. O caso foi citado em pronunciamentos que cobraram a instalação da CPI dos Tribunais Superiores.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, defendeu equilíbrio e respeito entre os Poderes da República, mas manifestou solidariedade a Kajuru. O presidente da Casa destacou o art. 53 da Constituição, segundo o qual “os deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”.
Em agradecimento às palavras de apoio do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que, apesar de não endossar os termos usados por Kajuru, defendeu suas prerrogativas, o parlamentar reiterou que a Constituição defende o direito de expressão dos parlamentares. Kajuru também citou a ocasião em que, durante julgamento do Supremo, Gilmar chamou um procurador de “gângster”:
— Ele [Gilmar] tem esse direito e eu não tenho direito de usar um adjetivo contra ele? — indagou.
Kajuru desafiou os institutos de pesquisa a apurar o que o povo brasileiro pensa de Gilmar Mendes: segundo ele, 100% da população acompanhariam sua opinião negativa sobre Gilmar.
— Ser processado dessa forma por um homem da mínima estatura moral de Gilmar Mendes é um atestado de idoneidade — disse o senador.
Em ofício ao presidente do STF, Dias Toffoli, Gilmar Mendes solicitou “providências que entender cabíveis” diante de declarações de Kajuru, repercutidas nas redes sociais.
“Caixa-preta”
Dizendo que Brasil precisa de segurança jurídica, a senadora Selma Arruda (PSL-MT) pediu abertura da “caixa-preta” do Poder Judiciário. Ela ressalvou que a CPI dos Tribunais Superiores não seria contra instituições, mas contra elementos que extrapolam de sua competência legal. Selma entende que a maioria dos magistrados tem vergonha do que se tornou o STF.
— Há pessoas que merecem nosso respeito, mas outras precisam ser freadas em sua conduta inadequada — declarou.
Jorge Kajuru ainda recebeu a solidariedade dos senadores Reguffe (sem partido-DF), Arolde de Oliveira (PSD-RJ), Lasier Martins (Pode-RS), Eduardo Girão (Pode-CE), Vanderlan Cardoso (PP-GO), Esperidião Amin (PP-SC) e Soraya Thronicke (PSL-MS). Nem todos, porém, apoiaram a criação da CPI dos Tribunais Superiores: Esperidião Amin, Arolde de Oliveira e Vanderlan, por exemplo, não a endossaram.
O senador Alessandro Vieira (PPS-SE), que apresentou o requerimento para a criação da CPI, também manifestou apoio a Kajuru. E Lasier Martins pediu à Mesa do Senado que dê andamento aos pedidos de impeachment de ministros do Supremo, em especial o apresentado pelo jurista Modesto Carvalhosa contra o próprio Gilmar Mendes.
A relação da internet brasileira com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) está cada vez mais estremecida.
Hashtags contra o STF viralizando nas redes sociais não são mais novidades. Nas últimas semanas, principalmente após a decisão desfavorável à Lava Jato, a Corte máxima está sendo alvo de críticas constantes na internet brasileira.
O caso do senador Jorge Kajuru (PSB-GO) exemplifica esta repulsa popular.
Em um polêmico vídeo, Kajuru acusa o ministro do STF, Gilmar Mendes, de “vender sentenças” e desfere duras críticas contra magistrado:
“A CPI da Toga vai lhe convocar (sic) e você vai ser o primeiro a ser questionado. […] “Queremos saber como você tem 20 milhões de patrimônio. De onde tirou? De Mega Sena? Herança de quem? Foram das sentenças que você vendeu, seu canalha.”
A reação de Gilmar foi imediatada. Em ofício enviado nesta terça-feira (19) ao presidente do STF, o magistrado pede para que Dias Toffoli tome providências quanto aos comentários do senador Kajuru.
As redes sociais também não perderam tempo antes de rebater o pedido de Gilmar. Na manhã desta quarta-feira (20), a tag #SomosTodosKajuru é o assunto mais comentado do Twitter brasileiro.
(Via: Noticia Brasil Online)
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