REGIME SEMIABERTO
Lula quer que o STF julgue os pedidos de suspeição do ex-juiz Sergio Moro e dos procuradores da Lava Jato (Ricardo Stuckert/PT)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
informou aos seus advogados, nesta segunda-feira, 30, que não vai
aceitar a progressão de seu regime do fechado para o semiaberto,
conforme petição assinada pelos procuradores da Operação Lava Jato na sexta feira 27. Segundo o advogado Cristiano Zanin Martins, o petista quer que o Supremo Tribunal Federal (STF)
analise os pedidos de suspeição do ex-juiz federal Sergio Moro e dos
integrantes da força-tarefa, “para que haja justiça independente e
imparcial”.
Após visita ao ex-presidente, Zanin disse que ainda não
recebeu nenhuma intimação da Justiça pedindo que seja apresentada uma
manifestação sobre o requerimento feito pelos procuradores, mas
ressaltou que seguirá a orientação dada por Lula. “Ele não aceita
qualquer condição imposta pelo Estado, porque não reconhece a
legitimidade do processo que o condenou e que o trouxe ao cárcere, onde
ele está neste momento”, disse o advogado.
Lula foi condenado pelo então juiz federal Sergio Moro a 9 anos e 6
meses no caso do tríplex do Guarujá. Posteriormente, o Tribunal Regional
Federal da 4ª Região (TRF4) aumentou a pena para 12 anos e 1 mês de
prisão. No entanto, em abril deste ano, os ministros do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) reduziram-na para 8 anos e 10 meses.
Na petição, divulgada na sexta-feira, os procuradores alegam que Lula
tem bom comportamento e já cumpriu um sexto de sua pena no caso do
tríplex. A intenção da Lava Jato de pedir a progressão de regime do
petista foi antecipada pelo Radar.
Questionado se Lula poderia descumprir uma ordem judicial, Zanin
afirmou que a defesa não está “cogitando nenhum tipo de descumprimento”.
“Está se cogitando, sim, em uma decisão tomada pelo ex-presidente Lula
que, a partir do momento em que ele não reconhece a legitimidade do
processo, e da condenação que foi imposta a ele, ele não está obrigado a
aceitar qualquer condição do Estado. O que ele deseja e também é aquilo
que nós, como advogados, já pedimos, é que a Suprema Corte possa
analisar os pedidos que foram apresentados, seja sobre a suspeição do
ex-juiz Sergio Moro, seja sobre a suspeição dos procuradores da Lava
Jato, porque isso, a nosso ver, é o que deve levar, deve conduzir, a
declaração da nulidade de todo o processo e, consequentemente, o
restabelecimento da liberdade plena do ex-presidente”, disse Zanin.
Caso a Justiça imponha como condição para a progressão do regime o
uso da tornozeleira eletrônica, o ex-presidente Lula tem a prerrogativa
de não aceitar. Com isso, ele permaneceria preso na Superintendência da
Polícia Federal em Curitiba, onde está desde o dia 7 de abril de 2018.
Em junho de 2010, o próprio Lula sancionou a Lei 12.258, que trata
sobre o uso das tornozeleiras eletrônicas. Segundo o artigo 146-B desta
lei, o juiz responsável pela execução penal poderá definir a
fiscalização por meio da monitoração eletrônica quando for autorizada a
saída temporária no regime semiaberto ou determinar a prisão domiciliar.
A juíza responsável pela execução penal do ex-presidente é Carolina
Lebbos, da 12ª Vara Criminal Federal de Curitiba.
(Por:Veja.com.br)
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