terça-feira, 29 de maio de 2018

Caminhoneiros do Rio querem mais desconto no diesel e no pedágio. Motoristas que estão na BR-116, no trecho da Via Dutra, parecem não ceder à proposta de acordo do governo e aos apelos de suas próprias entidades de classe

GREVE DOS CAMINHONEIROS
 Caminhoneiros ainda ocupam trecho da Rodovia Presidente Dutra, em Seropédica, Rio de Janeiro
 Caminhoneiros ainda ocupam trecho da Rodovia Presidente Dutra, em Seropédica, Rio de Janeiro - Tomaz Silva / Agência Brasil

Rio - A maior concentração de caminhoneiros no Estado do Rio de Janeiro, às margens da BR-116, no trecho da Rodovia Presidente Dutra, no município de Seropédica, parece não ceder à proposta de acordo do governo e aos apelos de suas próprias entidades de classe. No emaranhado de caminhões, em um grande pátio de um posto de combustíveis, todos os motoristas ouvidos pela reportagem, nesta segunda-feira, demonstraram não estarem totalmente atendidos em suas reivindicações.

As principais demandas, repetidas por quase todos, é um maior desconto no óleo diesel, além dos R$ 0,46 dado pelo governo, e por um período maior, de seis meses a um ano, e não por apenas 60 dias, e a garantia de um preço mínimo no chamado frete de retorno. Também reclamaram muito do valor do pedágio cobrado nas estradas, que chega a representar 10% do valor do frete.

Antônio Marcos da Silva, conhecido no local como Mosquito, diz que é contra voltar ao trabalho: “Se parar a greve agora, como está, será uma derrota. Porque não alcançamos o que queríamos”.

'Mais 15 dias' 

 
 Caminhoneiros ainda ocupam trecho da Rodovia Presidente Dutra, em Seropédica, Rio de Janeiro - Tomaz Silva / Agência Brasil

Irmão de Mosquito e também caminhoneiro, João Paulo da Silva, o Pórvoa, estava convicto de que poderia resistir quantos dias fossem necessários para conseguir os objetivos. “Nós não vamos desistir. Se for preciso, ficaremos mais 15 dias”, afirmou ele, enquanto lavava a louça do almoço, embaixo de uma lona, ao lado do caminhão, onde conversavam mais quatro motoristas.

“A nossa categoria vai ganhar ainda mais força. Pois nunca houve um movimento como este, com tanta união. Antes, havia muita divisão”, disse Luis Fernando Cardoso, o Bigode. “Agora somos como uma família”, completou Mosquito.

Frete e pedágio

 
  Caminhoneiros ainda ocupam trecho da Rodovia Presidente Dutra, em Seropédica, Rio de Janeiro - Tomaz Silva / Agência Brasil

A questão da tabela mínima de frete é referente ao valor pago pelas empresas aos caminhoneiros na viagem de retorno, que é sempre menor do que o valor pago na ida. Os motoristas querem um valor maior na viagem de volta, pois acham injusto ganhar menos transportando outras cargas no retorno, se a quilometragem é a mesma.

Já o alto valor do pedágio é reclamação unânime entre os grevistas. “O preço do pedágio tem que entrar no debate. Eu rodo uns 10 mil quilômetros por mês e pago R$ 5 mil de pedágio. De Santa Catarina ao Rio de Janeiro, por exemplo, dá cerca de R$ 500”, protestou o catarinense Fernando dos Santos.

Um dos motoristas mais antigos do grupo, que só de estrada tinha 39 anos, é João de Souza. Em toda sua vida como caminhoneiro, ele confessa que jamais presenciou uma crise como esta. “Este período é um dos piores da minha vida. Criei três filhos dirigindo caminhão. Um deles também virou motorista. Para a gente voltar à estrada, tem que baixar mais o valor do pedágio e reduzir o preço do diesel por seis meses pelo menos”, disse o veterano, que viajava na companhia da esposa, quando começou a greve, e ambos ficaram na beira da estrada.

“Porque tem hora a gente termina a viagem e não sobra nada para nós. Basta estragar o caminhão ou estourar um pneu, que o frete vai embora”, completou.


(Por Agência Brasil) 

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