Mesmo sem ter combustível para a venda, posto na Zona Sul já tinha fila quilométrica na tarde e noite de ontem - Daniel Castelo Branco
Rio - Em ritmo lento, o estado do Rio começa a retomar
sua rotina hoje. Após oito dias de muita confusão e escassez, reflexo da
greve nacional dos caminhoneiros, alguns setores da sociedade
impactados, especialmente, pela falta de combustível, voltam
gradualmente à rotina.
A disponibilidade de combustível, por exemplo, continua
sendo uma incógnita. Apesar de caminhões-tanque terem deixado, sob
escolta, a Reduc, ontem à noite, levando gasolina, álcool e diesel para
os postos, o Sindicato do setor acredita que serão necessários, pelo
menos, cinco dias para que a rotina de venda seja retomada.
Com relação aos alimentos, a Ceasa não deu garantia de
funcionamento pleno hoje, mesmo com a previsão de que 20 caminhões
desceriam da Região Serrana para abastecer a Central. Por sua vez, a
Fecomércio, acredita que pode repor logo os estoques. Tanto que pediu à
prefeitura do Rio que que libere os horários de carga e descarga dentro
da cidade, nos próximos 10 dias. A Secretaria Municipal de Transportes
garantiu que atenderia à reivindicação.
FEDERAL SÓ SEGUNDA
Enquanto a Prefeitura do Rio anuncia a volta às aulas a
partir de hoje, escolas de Nova Iguaçu, Caxias e Queimados não tem data
certa funcionar. Em Niterói, as escolas só retornam na segunda-feira. O
mesmo acontece com as unidades de ensino federais: UFF, UFRJ, Rural,
Unirio, Cefet e o Colégio Pedro II vão manter as atividades suspensas
até segunda. A Uerj permanece fechada hoje, mas as aulas podem ser
retomadas amanhã, de acordo com os desdobramentos da crise. As escolas
particulares funcionam, mas é recomendável que os pais procurem se
informar sobre mudanças nos horários.
Apesar do otimismo do secretário municipal da Casa
Civil do Rio, Paulo Messina, que afirmou ter garantido "diesel
suficiente para o retorno de 100% da frota dos ônibus municipais", o
presidente do Rio Ônibus, Cláudio Callak, disse que a previsão para a
manhã de hoje é que as linhas iniciem com 70% a 80% da frota e vá
aumentando ao longo do dia. "A gente não acredita que não tenha demanda
para atender 100% da população, mas garantimos para amanhã", afirmou
Callak. O BRT vai adotar a mesma postura: começa o expediente com cerca
de 40% da frota e, dependendo dos acontecimentos, deve aumentar a
quantidade de ônibus. A Barca que liga o Rio a Niterói é quem se
encontra em situação de mais penúria. A concessionária CCR Barcas
reduziu viagens nos dias úteis e já avisou que não vai operar no feriado
e no fim de semana.
Enquanto o estoque de combustível começa a ser
normalizado, outro líquido muito mais vital continua em falta: sangue.
Por conta da greve, o estoque no Hemorio baixou consideravelmente. "Quem
mora ou trabalha próximo ao Hemorio e puder doar sangue vai nos ajudar a
salvar vidas", apelou o secretário de estado de Saúde, Sérgio Gama.
Escolta de 5 milhões de litros da Reduc
Rio
- Motoristas enfrentaram até cinco horas na fila para abastecer nos
raros postos que amanheceram com combustível. Uma das cenas mais
inusitadas aconteceu num posto em Irajá: o motoboy Henry Marllon, 25
anos, levou apenas o tanque da motocicleta para abastecer, já que a fila
para galões era menor. "Trouxe o tanque aqui porque quero sair logo e
ir direto trabalhar" disse.
Segundo o governador Pezão, as escoltas das forças de
segurança garantiram o transporte de cinco milhões de litros de
combustíveis, um terço do que seria transportado rotineiramente. A
previsão era de encerrar a noite com mais oito milhões de litros levados
para os postos.
Entretanto, o empenho das forças federais não agradou o
procurador federal Júlio Araújo Júnior, que questionou o Gabinete de
Intervenção. "Apesar de haver condições para a adoção de medidas de
dissuasão, ainda existiam obstruções na Reduc e mobilizações de setores
em pautas diversas".
(por O Dia)
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