Movimento é contra a privatização da Petrobras e pela saída do presidente Pedro Parente - Reprodução/ FUP
Brasília - O presidente da Petrobras, Pedro Parente,
distribuiu uma carta aos empregados da empresa nesta segunda-feira, na
tentativa de conter a greve de 72 horas marcada a partir desta
quarta-feira. No texto, argumenta que a decisão de reajustar os preços
dos combustíveis diariamente em linha com o mercado internacional foi
tomada em defesa da companhia e para evitar o crescimento da dívida.
O executivo inicia e conclui a carta questionando a
contribuição dos funcionários para o fim dos protestos dos
caminhoneiros. "Como a Petrobras e a sua força de trabalho podem melhor
ajudar o Brasil neste momento?", questiona.
Em seguida, responde: "Não acreditamos que seja com
paralisações e pressões para redução de nossos preços. Em nosso
entendimento, isso teria justamente o efeito contrário: seria um
retrocesso em direção ao aumento do endividamento, prejudicando os
consumidores, a própria empresa, e, em última instância, a sociedade
brasileira. Assim, neste grave momento da vida nacional, convidamos
todos a uma cuidadosa reflexão", afirma Parente, no documento que inicia
chamando os funcionários de "caros colegas".
A paralisação dos petroleiros foi definida no último
sábado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP). O sindicato já vem
realizando assembleias nas unidades operacionais da empresa desde o mês
passado e obteve a autorização dos empregados para a mobilização. Por
enquanto, o protesto tem período definido, de três dias, por isso é
considerado apenas de advertência. Mas outra paralisação por tempo
indeterminado ainda está sendo organizada. A FUP apresentou cinco pontos
de reivindicação à direção da empresa. Entre elas está o pedido de
demissão de Parente, além da mudança na política de preços, com redução
dos valores cobrados nas refinarias.
Parente, na carta aos funcionários, classifica a atuação da direção da companhia como "firme e diligente".
Ele ainda justifica a adoção da atual política de
preços e diz que a recuperação financeira da companhia é a melhor
contribuição a ser dada à sociedade, com a geração de emprego e
desenvolvimento. "Uma Petrobras com menos dívidas, com mais
investimentos e mais geração de empregos se faz com a defesa dos seus
reais interesses e isso demanda ação firme e diligente dos seus
dirigentes, com o indispensável apoio de sua força de trabalho. Como
citamos acima, isso não é colocar a empresa antes do País ou dos
consumidores ou ficar apegado a dogmas. Pelo contrário, quanto mais
financeiramente saudáveis formos, melhor cumpriremos o nosso papel
social de empresa que investe, produz, contrata e gera desenvolvimento",
disse.
Assim como vem afirmando desde que a greve dos
caminhoneiros foi iniciada, Parente repete que a estatal não é a única
responsável pela formação dos preços dos combustíveis e destaca os
impostos que incidem sobre a gasolina e diesel e contribuem com os
caixas dos governos dos Estados e federal. "Culpar a Petrobras pelos
preços considerados altos nas bombas é ignorar a existência dos outros
atores, responsáveis por dois terços do preço da gasolina e metade do
preço do diesel. Eles também precisam colaborar com a solução."
(Por Estadão Conteúdo)
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