domingo, 24 de março de 2019

Cabo de guerra entre poderes piorou durante viagem de Bolsonaro. Deputado do DEM afirmou que o presidente precisa dizer o que é a nova política e parar de "terceirizar" a articulação da Reforma

BRASIL,  POLÍTICA
 

 
 O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), conversa com jornalista após encontro com o ministro da Economia, Paulo Guedes - 05/02/2019 (Fátima Meira/Futura Press/Folhapress)

Apesar dos estragos no ambiente econômico e político causados pelo cabo de guerra entre o presidente Jair Bolsonaro e o deputado Rodrigo Maia pelo destravamento da Reforma da Previdência, nenhum acordo parece em vista neste sábado, 23. Em viagem diplomática ao Chile, sem citar Maia, Bolsonaro culpou a velha política pelos entraves na aprovação da Reforma. Pouco tempo depois, falando a jornalistas, em Brasília, o presidente da Câmara retrucou: “Ele (Jair Bolsonaro) precisa dizer o que é a nova política.

Maia voltou a cobrar Bolsonaro de assumir a articulação da aprovação da Reforma da Previdência, mensagem que vem repetindo sistematicamente nos últimos dois dias. De acordo com ele, o presidente da República “terceiriza” essa tarefa para a Câmara e o Senado e depois “fica reclamando”. 

Na coletiva de imprensa realizada hoje em Santiago para anunciar o acordo de colaboração entre Brasil e Chile, o presidente brasileiro dedicou quase toda a sua fala para tratar do emperramento da reforma.  Disse que confia “na maior parte dos parlamentares” para o andamento do projeto. E culpou a “velha política”  pelas “reações por parte de alguns da classe política”. Algumas horas antes, o deputado federal dissera que o governo de Jair Bolsonaro é um “deserto de ideias”.

O bate-boca começou na quarta-feira 20, quando Maia recebeu mensagens do ministro da Justiça Sérgio Moro durante a madrugada, segundo ele, pedindo urgência nas tramitações para a articulação da Reforma e também, com o mesmo grau de prioridade, do seu projeto Anti-crime.

Maia cruzou os braços. Chamou Moro de funcionário do presidente que estaria confundindo as competências. Irritado, acrescentou ainda que o ex-chefe da Lava-Jato “copiou e colou” a proposta feita pelo também ministro Alexandre Moraes. A partir daí a mensagem repetida por Maia, que até então funcionava como principal articulador dos projetos, é que só voltaria a agir pelas tramitações depois que Bolsonaro se apresentasse para tratar da situação. Já em viagem, Bolsonaro comparou o comportamento de Maia ao de uma namorada. Ao que o deputado, depois de ter chegado a dizer que a página da disputa estava virada, respondeu: “não preciso encontrar com ninguém.” 


(Por Ana Weiss/Veja.com.br) 

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