BRASIL, POLÍTICA
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), conversa
com jornalista após encontro com o ministro da Economia, Paulo Guedes -
05/02/2019 (Fátima Meira/Futura Press/Folhapress)
Apesar dos estragos no ambiente econômico e político causados pelo cabo de guerra entre o presidente Jair Bolsonaro e o deputado Rodrigo Maia pelo destravamento da Reforma da Previdência,
nenhum acordo parece em vista neste sábado, 23. Em viagem diplomática
ao Chile, sem citar Maia, Bolsonaro culpou a velha política pelos
entraves na aprovação da Reforma. Pouco tempo depois, falando a
jornalistas, em Brasília, o presidente da Câmara retrucou: “Ele (Jair
Bolsonaro) precisa dizer o que é a nova política.
Maia voltou a cobrar
Bolsonaro de assumir a articulação da aprovação da Reforma da
Previdência, mensagem que vem repetindo sistematicamente nos últimos
dois dias. De acordo com ele, o presidente da República “terceiriza”
essa tarefa para a Câmara e o Senado e depois “fica reclamando”.
Na coletiva de imprensa realizada hoje
em Santiago para anunciar o acordo de colaboração entre Brasil e Chile,
o presidente brasileiro dedicou quase toda a sua fala para tratar do
emperramento da reforma. Disse
que confia “na maior parte dos parlamentares” para o andamento do
projeto. E culpou a “velha política” pelas “reações por parte de alguns
da classe política”. Algumas horas antes, o deputado federal dissera
que o governo de Jair Bolsonaro é um “deserto de ideias”.
O bate-boca começou na quarta-feira 20,
quando Maia recebeu mensagens do ministro da Justiça Sérgio Moro durante
a madrugada, segundo ele, pedindo urgência nas tramitações para a
articulação da Reforma e também, com o mesmo grau de prioridade, do seu
projeto Anti-crime.
Maia cruzou os braços. Chamou Moro de
funcionário do presidente que estaria confundindo as competências.
Irritado, acrescentou ainda que o ex-chefe da Lava-Jato “copiou e colou”
a proposta feita pelo também ministro Alexandre Moraes. A partir daí a
mensagem repetida por Maia, que até então funcionava como principal
articulador dos projetos, é que só voltaria a agir pelas tramitações
depois que Bolsonaro se apresentasse para tratar da situação. Já em
viagem, Bolsonaro comparou o comportamento de Maia ao de uma namorada.
Ao que o deputado, depois de ter chegado a dizer que a página da disputa
estava virada, respondeu: “não preciso encontrar com ninguém.”
(Por
Ana Weiss/Veja.com.br)
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