Carlos Bolsonaro aproveitou viagem do pai para visitar o Palácio do Planalto - Reprodução Twitter
Rio - Uma alfinetada do vereador Carlos Bolsonaro
(PSC-RJ) fez o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), explodir
quando já estava irritado ao saber da prisão do padrasto de sua mulher, o
ex-ministro de Minas e Energia Moreira Franco, na quinta-feira. É que o
"zero dois" de Bolsonaro repercutiu, nas redes sociais, o mal-estar
entre o ministro da Justiça e Maia acerca do pacote anti-crime de Moro.
No Instagram, Carlos indagou: "Por que o presidente da
Câmara está tão nervoso?". E, no Twitter, escreveu: "Há algo bem errado
que não está certo!", escreveu, comentando um posicionamento de Sergio
Moro, rebatendo críticas de Maia. "O povo brasileiro não aguenta mais",
afirmou Moro.
O presidente da Câmara alega que combinou com o
presidente Bolsonaro priorizar a tramitação da reforma da Previdência,
enquanto Moro insiste que seu pacote seja encaminhado em paralelo.
Maia procurou interlocutores no governo que alertaram o
presidente Jair Bolsonaro de que era preciso conter Carlos sob o risco
de o deputado abandonar a articulação para aprovação da reforma da
Previdência.
Na tarde de quinta-feira, o presidente
da Câmara mandou recado a apoiadores de Bolsonaro que o atacam,
ressaltando sua articulação pela reforma da Previdência do governo.
No sábado, em um churrasco na casa de Maia, um
interlocutor também já havia dito a Bolsonaro que ou ele dava "um basta"
na guerra pelas redes sociais ou a situação ficaria complicada para o
governo. O recado foi o de que até mesmo ele poderia ser considerado
avalista das agressões virtuais. Bolsonaro respondeu que não tinha como
controlar seus milhões de seguidores.
Maia ataca Moro e desqualifica pacote
Rodrigo Maia (DEM-RJ) elevou o tom contra Sergio Moro
na quarta-feira, quando rebateu declarações do ministro da Justiça e
Segurança Pública, que cobrou o início da tramitação do pacote
anticorrupção simultaneamente à discussão da reforma da Previdência.
Maia afirmou que o ministro é "funcionário" de Bolsonaro e que se o
governo quiser mudar a tramitação das propostas a demanda deve partir do
presidente.
"Funcionário do presidente Bolsonaro? Conversa com o
presidente Bolsonaro e se o presidente Bolsonaro quiser, conversa
comigo. Eu fiz aquilo que acho correto", afirmou Maia.
Mais cedo, Moro havia participado do lançamento da
Frente Parlamentar de Segurança, a chamada bancada da bala, e disse que
procuraria Maia para pedir celeridade à sua proposta. "Vou conversar
respeitosamente com o presidente da Casa", disse o ministro pela manhã.
Isso porque o presidente da Câmara decidiu criar um
grupo de deputados que, por 90 dias, analisará o projeto de Moro e
outros com a mesma temática, antes de enviá-lo a uma comissão da Casa, o
que, na prática, "trava" a discussão das propostas.
Maia afirmou que o ministro conhece "pouco a política".
"Não estou irritado, mas acho que ele conhece pouco a política. Eu sou
presidente da Câmara, ele é ministro, funcionário do presidente
Bolsonaro. Então, o presidente Bolsonaro é quem tem que dialogar comigo.
Ele está confundido as bolas. Ele não é presidente da República. Não
foi eleito para isso. Está ficando uma situação ruim para ele", afirmou o
parlamentar.
Cópia e cola
Maia ainda acusou Moro de "copiar" uma outra proposta
encaminhada ao Congresso pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal. "O projeto é importante. Aliás, ele (Moro) está
copiando projeto do ministro Alexandre de Morais, copia e cola. Então
tem poucas novidades no projeto dele", disse. "Vamos apensar um ou outro
projeto, mas o prioritário é o do ministro Alexandre de Moraes. No
momento adequado, depois de votar a Previdência, vamos votar o projeto
dele. O que precisamos é que o ministério da Justiça diga, com a
estrutura que tem, como enfrentar o combate ao crime organizado".
A reação de Maia também ocorre após virar alvo de
apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais por críticas à proposta de
reforma da Previdência apresentada pelo governo. Ele também causou
indignação entre militares por ter afirmado, anteontem, que a categoria
chegou no "fim da festa" ao propor a reestruturação das carreiras como
contrapartida a mudanças nas regras de aposentadoria.
Fiador
Maia é o fiador da reforma da Previdência na Câmara e,
se quiser, pode prejudicar a tramitação do texto. Até agora, o deputado
também estava ajudando a construir a base aliada.
No auge da irritação nesta quinta-feira, Maia disse que
não entendia por que estava sendo atacado. "Estou aqui para ajudar. Se
acham que estou atrapalhando, eu saio", avisou.
(Por
O Dia
:*Com Estadão Conteúdo)
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