LAVA JATO
Ministro Gilmar Mendes - Nelson Jr. / STF
Brasília - O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF),
aproveitou nesta quarta-feira, o julgamento sobre uma questão processual
que pode levar à anulação de sentenças da Lava Jato para atacar o
ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Para o ministro,
Moro era o "verdadeiro chefe" da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.
Ainda disse que Moro foi "coaching da acusação".
O habeas corpus
analisado pelo plenário do Supremo nesta quarta-feira foi do ex-gerente
da Petrobras Marcio de Almeida Ferreira. Por 6 a 5, os ministros
decidiram anular a sua sentença e determinar que o caso seja retomado em
primeira instância na fase de alegações finais, por entender que, no
caso de Almeida Ferreira, houve prejuízo à defesa por haver sido negado o
pedido dele para se manifestar depois dos delatores.
A defesa do
ex-gerente da Petrobras acionou o Supremo sob a alegação de que
Ferreira sofreu grave constrangimento ilegal por não poder apresentar as
alegações finais após a manifestação dos réus colaboradores. Agora,
Almeida Ferreira terá o direito de se manifestar depois dos delatores
investigados no mesmo processo, podendo, assim, rebater as acusações.
O
caso de Ferreira chegou ao plenário após a Segunda Turma do STF
derrubar em agosto decisão do ex-juiz Sergio Moro, que havia condenado o
ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine a 11
anos de reclusão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Foi a
primeira vez que o Supremo anulou uma condenação de Moro. No papel, o
caso de Ferreira guarda semelhanças com o de Bendine.
Para 7 dos
11 ministros do STF, os réus delatados têm o direito de dar a última
palavra nos processos, se manifestando após os delatores, podendo,
assim, rebater as acusações.
"Hoje se sabe de maneira muito
clara, e o (caso) Intercept (site que revelou mensagens privadas de Moro
e procuradores) está aí para provar, que usava-se prisão provisória
como elemento de tortura. Custa-me dizer isto no plenário. E quem
defende tortura não pode ter assento nesta corte constitucional. O uso
da prisão provisória era com esta finalidade. E isto aparece hoje.
Feitas por gente como Dallagnol (Deltan Dallagnol, coordenador da
força-tarefa da Lava Jato em Curitiba). Feitas por gente como Moro. É
preciso que se saiba disso. O Brasil viveu uma fase de trevas. O resumo
é: ninguém pode combater crime cometendo crime", criticou Gilmar Mendes.
"Não
parece haver dúvidas que o juiz Moro era o verdadeiro chefe da
força-tarefa de Curitiba, indicando testemunhas e sugerindo provas
documentais. Quem acha que isso é normal certamente não está lendo a
Constituição", acrescentou Gilmar Mendes.
(Por
Estadão Conteúdo)
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