segunda-feira, 8 de maio de 2017

Associação de procuradores vê “ameaça” em fala de Lula. Em evento do PT, ex-presidente afirmou em tom irônico que, se não o prendessem logo, ele iria mandar prender os que falam mentiras contra ele

AMEAÇAS
Lula participa de congresso do PT em São Paulo
O ex-presidente Lula em discurso no 6º Congresso do PT, em São Paulo. (Leonardo Benassatto/Reuters)

Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) lamentou na noite deste sábado as declarações feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o 6º Congresso Estadual do PT, em São Paulo. Em críticas direcionadas à imprensa e aos investigadores da Operação Lava Jato, o petista afirmou: “Amanhã o Lula vai ser preso. Faz dois anos que eu estou ouvindo isso. Se eles não me prenderem logo, quem sabe um dia eu mando prende-los por mentiras”.
Em nota, o presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti, afirmou que a frase tem tom de ameaça e que “não é digna” de alguém que já foi presidente da República. “De resto, apenas lamentar a frase, que soa como ameaça, de que — supõe-se legitimamente que depois de mais uma vez eleito presidente — irá mandar prender os que investigam. Isto não irá deter qualquer agente de Estado ou a marcha serena e impessoal da Justiça, mas não é uma declaração digna de quem foi por oito anos o supremo mandatário do país”, disse Cavalcanti, no texto. “O ex-presidente sabe muito bem que chefes do executivo não ‘mandam prender’ ninguém em um estado de direito. A Justiça é que o faz”, acrescentou.
A fala inflamada de Lula se deu na noite de sexta-feira, no mesmo dia em que o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque fez acusações graves a ele em depoimento ao juiz Sergio Moro. O ex-diretor tenta fechar um acordo de delação premiada para aliviar os mais de 50 anos de prisão a que foi condenado na Lava Jato. Na sexta-feira, ele contou que Lula “tinha pleno conhecimento de tudo e detinha o comando” do esquema e que, num encontro secreto no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, recebeu ordens indiretas do ex-presidente para fechar contas no exterior que era abastecidas com dinheiro de propina.
(Veja.Abril.com.br)

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