DEPOIMENTO
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer que o seu depoimento ao juiz federal Sergio Moro,
marcado para a próxima quarta-feira, no dia 10 de maio, seja gravado de
maneira profissional. Em petição enviada nesta sexta-feira, o advogado
do petista, Cristiano Zanin Martins, especifica como
pretende registrar a audiência — com uma câmera Sony EX3 colocada sobre
um tripé e monitorada por um “profissional devidamente habilitado para a
função” — no caso, o fotógrafo oficial de Lula, Ricardo Stuckert —,
conforme diz o texto. O petista será interrogado por Moro na ação em que
é réu por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP).
Nos autos, o advogado também detalha o tamanho do
equipamento — 75 x 34 x 5 mm — e garante que ele vai ser instalado num
local que não prejudique “o bom andamento do ato”. Em petição anterior,
os advogados pediam para que a câmera não ficasse focada em Lula quando
ele não estivesse com a palavra, ângulo padrão em oitivas de todos os
réus e testemunhas da Lava Jato.
Cabe agora ao juiz Sergio Moro decidir se vai autorizar ou
não o aparato. Em todos os depoimentos da Operação, um servidor da
Justiça Federal — o mesmo que escreve o termo de audiência — opera uma
câmera simples que fica imóvel posicionada em uma mesa fitando o réu.
Para o petista, o foco exclusivo nele geraria uma “imagem negativa” e o
apresentaria de “forma inferiorizada”, violando, assim, no seu
entendimento, a presunção de inocência.
O Ministério Público Federal rebateu hoje a
argumentação da defesa de Lula, lembrando que o próprio petista já
participou de uma videoconferência no modo tradicional como réu na ação
que responde por obstrução à Justiça em Brasília — e na ocasião não
reclamou disso. “A forma de gravação de depoimento adotada não apenas
por esse juízo, mas por essa subseção judiciária de Curitiba de maneira
ampla, faz-se idêntica para atos envolvendo réus e testemunhas”, diz a
força-tarefa da Lava Jato.
O MPF ainda afirma que a gravação feita por uma câmera
aberta poderia revelar “de modo indesejável” conversas paralelas de
advogados, procuradores e réus que também participam da sessão, “o que
pode acabar por publicizar indevidamente estratégias adotadas no ato”,
conforme o texto.
Além da força-tarefa, a defesa do ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, que também é réu no processo, manifestou-se contrariamente ao pedido de Lula. Para os advogados José Luis Oliveira Lima e Rodrigo Dall’Acqua,
o foco da câmera no réu “visa justamente garantir a maior fidelidade
possível da prova, já que é o direcionamento dos instrumentos de
captação de imagem e de áudio para o depoente que assegura a precisão do
registro de sua fala”. Eles concluem, dizendo que o princípio de
publicidade não autoriza a livre gravação das imagens.
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