Vendedor de rádios de pilha a trabalho nas imediações da Arena das Dunas antes de uma partida de futebol (Claudio Abdon)
Nas duas últimas partidas de futebol
disputadas em Natal – no último sábado (27) entre América e ABC e nessa
quarta-feira (31) com ABC e Globo em campo -, a Polícia Militar proibiu o
acesso de torcedores portando rádio de pilha, adereço historicamente
tradicional nos estádios.
A determinação causou a revolta de
torcedores. Em publicações nas redes sociais, os frequentadores das
praças esportivas se mostraram contra a medida. “Sou saudosista: sem
radinho, na Arena, não vou mais. E vou pensar se cancelo ou não meu
título de sócio, já que talvez deixe de ir ao Frasqueirão. Se a intenção
é afastar o torcedor, estão obtendo êxito” [sic], protestou um
internauta.
A insatisfação foi além. “Quero saber
quando foi o último incidente onde um rádio de pilha machucou qualquer
pessoa… Isso não existe!” [sic], escreveu outro.
Radialista com anos de atuação no futebol
potiguar, Marcos Lopes usou o blog pessoal que mantém na internet para
classificar a determinação policial como “uma piada”.
“É uma decisão estapafúrdia e que mata a
tradição do torcedor assistir o jogo no estádio, escutando emissora A, B
ou C. Ver no rádio de pilha uma arma é exagerar na dose (…) Me parece
que o combate à violência nos estádios não passa pelo inofensivo rádio
de pilha. As autoridades deveriam olhar para outras coisas”, escreveu o
narrador.
De acordo com a Polícia Militar, a
decisão foi tomada por motivos de segurança e está mantida para os
próximos jogos. A orientação é para que apenas membros de torcidas
organizadas sejam impedidos de entrar com os rádios.
Contudo, um vídeo compartilhado nas redes
sociais mostra torcedores que não compõem torcidas organizadas tendo os
objetos barrados por PMs. “Fui informado por um policial que alguém
poderia tomar o rádio da minha mão e arremessar em alguém. E eu
perguntei: ‘ele não poderia tomar meu celular?’” [sic], declarou um
deles.
A própria corporação admite o erro no
emprego da ação e informou que foi registrado um caso de um torcedor
deficiente visual, que necessita do aparelho para acompanhar melhor os
lances de jogo, impedido de entrar.
No Rio Grande do Norte, bem como em todo o
território brasileiro, os rádios de pilha são tão comuns nos estádios
ao ponto de serem comercializados nas entradas das praças desportivas.
(Por Heilysmar Lima/Portal no Ar)
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