DESGASTE
Laje caída depois das últimas chuvas ficava em uma das entradas do prédio. Abandonado local só mostra desgaste do tempo
Uma laje da recepção da extinta boate Royal Salute, que ficava dentro do
Hotel Reis Magos, na Praia do Meio, zona Leste de Natal, desabou com as
recentes chuvas na capital potiguar e trouxe de volta o assunto a
respeito do abandono do espaço e a preocupação no tocante aos perigos
quanto à sustentação da estrutura do local, os riscos de um espaço
abandonado e a proliferação de doenças que a área pode trazer.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE esteve no local na tarde desta
terça-feira (23) e pôde constatar a estrutura danificada, o mau-cheiro e
a degradação das condições de todo o hotel. Paredes quebradas,
pichações em diversas áreas, lixo espalhado, grama alta e cercas
elétricas degradadas mostram um pouco do nível do descaso em que se
encontra no local. A laje que foi ao chão era justamente a da entrada da
boate Royal Salute, uma das mais elitizadas de Natal nas décadas de
80/90. A TN tentou contato com vendedores ambulantes, corredores e
banhistas que estavam no local para saber informações sobre a queda do
muro e outras informações, mas não obteve sucesso.
A TRIBUNA DO
NORTE tentou contato com a administração do Hotéis Pernambuco S/A,
detentor do Reis Magos desde 1978, mas não obteve retorno até o
fechamento desta reportagem.
Histórico
Desativado
desde 1995, o antigo Hotel Reis Magos, considerado um cartão postal de
uma Natal saudosista está perto de chegar a duas décadas e meia de
completo abandono. Atualmente, corre um processo no Tribunal Regional
Federal da 5ª Região, em Recife, após anúncio por parte do grupo Hotéis
Pernambuco para construção de um empreendimento comercial. Houve
polêmica à época em virtude da tentativa de partes da sociedade potiguar
de preservar e revitalizar a estrutura do hotel pelo valor simbólico e
cultural do hotel para a cidade natalense.
A mais recente decisão
sobre o hotel aconteceu em outubro de 2017, quando a Justiça concedeu
efeito suspensivo a um recurso, determinando que “o Município de Natal
se abstenha de conceder licença ou autorização para demolição do imóvel
onde funcionou o Hotel Reis Magos". Aliado a isso, a decisão também
impunha ao Hotéis Pernambuco S/A de “realizar qualquer ato que importe
em demolição ou reforma do citado imóvel, inclusive se já expedida
licença ou autorização para demolir, até ulterior deliberação judicial".
A multa em caso de descumprimento atinge a casa dos R$ 5 milhões.
Ainda
em 2017, o grupo que administra o Reis Magos chegou a anunciar um novo
empreendimento a ser construído na área. À época, a pendência era um
estudo de negócio para identificar a melhor vocação para o antigo hotel.
Iphan quis tombar local
Após o Hotéis Pernambuco
anunciar a demolição do Reis Magos para construção do empreendimento, o
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) entrou na
discussão e tentou impedir a derrubada do empreendimento.
Uma
liminar chegou a ser obtida pelo instituto, no entanto, em janeiro
daquele ano, a Justiça Federal derrubou o artifício. Em maio do mesmo
ano, após um parecer do Ministério Público Federal (MPF-RN), o Iphan
desistiu da tentativa de tombamento após seguir o texto do órgão
federal, acordando que o prédio não possuía valor histórico, artístico
ou arquitetônico.
Localizado numa área nobre da capital
potiguar, o Hotel Internacional Reis Magos funcionou como hotel de luxo
em Natal entre 1965 e 1995, quando foi desativado. O empreendimento foi
adquirido pelo grupo Hotéis Pernambuco S/A em 1978, que operou o local
por 10 anos, após uma grande reforma em 1979/1980. Depois, o local foi
arrendado de 1989 a 1995; e de 1995 a 2002. Nesse último período houve
ordem de despejo litigioso para o ocupante.
O complexo contava
com 63 apartamentos, uma suíte presidencial, recepção, salões nobres,
elevadores, parque aquático, sauna, playground, restaurante,
estacionamento, entre outras áreas.
(via:TN)
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